“Olmo e a Gaivota”: pela liberdade das mulheres

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A gravidez pode ser resumida em diversas teorias elaboradas pelas mulheres: sensações de felicidade, tristeza, amor e angústia que só elas podem sentir e interpretar da maneira que lhes couberem. O filme Olmo e a Gaivota, dirigido pela brasileira Petra Costa (a mesma de Helena) e pela dinamarquesa Lea Glob, vencedor de Melhor Longa-Metragem de Documentário no Festival do Rio 2015, retrata a gravidez de uma dançarina de maneira íntima, desconstruindo o mito de que o período se limita aos melhores meses da vida de uma mulher.

O filme conta a história de Olivia (Olivia Corsini), uma atriz que está ensaiando a peça A Gaivota, de Anton Tchékhov, e descobre que está grávida de seu parceiro de vida e dança, Serge (Serge Nicolai). Quando o espetáculo começa a ganhar força, o grupo recebe um convite para se apresentar em Nova York e Montréal, aí a vida de Olivia se transforma.

Trancada em seu apartamento devido a um hematoma no útero, a personagem vive um período angustiante e solitário. A fim de buscar  justificativas para o momento de sua vida, Olivia relembra partes de sua trajetória para tentar entender e se adaptar à nova realidade que está por vir.  O longa-metragem retrata a gravidez por meio da visão da gestante e convida o espectador a uma viagem psicológica na vida da protagonista.

Além disso, questiona a independência da mulher e busca desmistificar o período de gestação e prova que, por mais que uma nova vida “esteja a caminho”, existe outra vida que busca se adaptar e se reinventar.

Inadmissível  
Durante a premiação do Festival de Cinema do Rio, Petra fez um discurso defendendo a liberdade da mulher e se tornou vítima de insultos machistas e preconceituosos nas redes sociais – simplesmente pelo fato de ter defendido o aborto. Ofensas como “se não quer ter filho, feche as pernas” e “vadia” foram publicados na página oficial do filme no Facebook.

Em resposta aos insultos, diversos artistas se uniram em defesa à diretora para gravar um vídeo que exalta a liberdade da mulher. Chamado Meu Corpo, Minhas Regras, o vídeo se espalhou pelas redes sociais de maneira emocionante, questionando os valores machistas defendidos por parte da sociedade.

https://youtu.be/CafzeA-9Qz8

Abaixo, uma parte do discurso de Petra, na cerimônia de premiação do festival do Rio. Assista ao vídeo com o discurso completo.

 “Em breve, eu espero que no Brasil toda mulher tenha soberania total sobre o próprio corpo. Seja para rejeitar uma gravidez, interromper com o aborto. Espero também que nenhuma mulher brasileira sofra machismo verbal ou físico, desde a presidenta às cineastas, às atrizes, às domésticas…às mulheres!”, afirma a diretora

O filme é ótimo! Além de apresentar uma trama que mistura realidade e ficção, retrata a gravidez de uma forma pouco interpretada no cinema e realça o debate sobre machismo e a liberdade da feminina.


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