Pedro Rossi, professor do Instituto de Economia da Unicamp, foi mais contundente em suas críticas ao governo, durante o seminário Rumos da Economia – Desafios para o Crescimento, promovido pela revista Brasileiros nesta quarta-feira (6).
No plano macroeconômico, disse, a estratégia da presidenta Dilma Rousseff foi equivocada em 2011, com a adoção de um ajuste fiscal, em um ano em que a economia não crescia. O segundo erro foram as desonerações de impostos de muitos produtos. “Isso gerou um custo enorme em termos fiscais.” Segundo o economista, os gastos públicos mantiveram o ritmo de crescimento, mas com a economia fragilizada, o déficit aumento. Para ele, contudo, não há “explosão do déficit”.
O professor afirmou que o ajuste fiscal pode ser muito bom, mas também desastroso. “Sua qualidade depende do ciclo econômico. Em um momento de recessão, o ajuste agrava a saúde da economia, sobretudo hoje, com a redução forte de investimentos da Petrobras e das empreiteiras. “Caberia ao Estado uma atuação anticíclica.”
“O risco é o Brasil entrar em um ciclo vicioso, pois corte de gastos reduz investimentos, diminui a arrecadação, o que exige mais corte de gastos. E isso pode durar anos.” Para o professor, o empresário investe porque tem expectativa de vendas e lucros, não porque haverá ajuste. “Também não faz nenhum sentido a escalada dos juros promovida pelo Banco Central.”
Segundo Rossi, essa é uma agenda determinada pelo mercado e pelas agências de classificação de riscos. Mas essas agências não estão preocupadas com distribuição de renda. Trata-se de um modelo liberal, que é o oposto do modelo distributivo.
Há possibilidade de mudança, mas é preciso ousar, afirmou. Sua sugestão é retirar o investimento do cálculo do superávit primário. “Seria uma porta de saída para o ajuste fiscal.”
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