Após 50 dias, animais continuam a ser recolhidos em Mariana

Lama devasta região de Mariana - Foto: Corpo de Bombeiros/ MG (05/11/2015)
Lama devasta região de Mariana – Foto: Corpo de Bombeiros/ MG (05/11/2015)

Os animais resgatados nos povoados devastados pela lama de minério da Samarco, na região de Mariana (MG) e cujos donos não forem localizados serão encaminhados para doações no primeiro semestre de 2016, em feiras em Belo Horizonte.

Passados 50 dias do desastre, 177 cães, 4 gatos, 38 cavalos, 5 mulas, 11 porcos, 29 patos, 246 galinhas e dezenas de cabeças de gado estão sob os cuidados da mineradora em Mariana, na Região Central do estado, a 120 quilômetros da capital.  “Faremos o acompanhamento das doações que (eventualmente) ocorrerem. Os bichos que não tiverem um novo lar serão levados para santuários. São locais em que pessoas tomam conta deles”, explicou a engenheira ambiental Carolina Pheysey, coordenadora da equipe de 37 profissionais contratados pela Samarco para cuidar dos bichos separados de seus donos pela maior catástrofe socioambiental do Brasil.

Os animais já recolhidos são acompanhados por veterinários. Os equinos foram levados para uma área da Vale, controladora da Samarco, na área rural de Mariana. O gado foi colocado em outros pastos na mesma região. Já as criações de pequeno porte estão num galpão a aproximadamente 10 quilômetros do Centro da cidade colonial.

Dona Tereza da Silva, de 83 anos, esteve esta semana no galpão para buscar seus dois cães, Leão, de 3 anos, e Lizardinho, de 1. “Tem esse nome porque o ganhei de presente do Lizardo, um amigo”. Ela morava em Paracatu de Baixo, o segundo povoado devastado pela lama da Samarco.

A alegria dos animais ao reencontrar a dona emocionou quem trabalha no galpão. “Fico satisfeita quando a pessoa busca sua estimação”, fez questão de destacar uma especialista enquanto observava Lizardinho latir e pular diante da idosa. Ele parecia agradecer o carinho que só dona Tereza lhe proporciona.

Já Leão jogou as duas patas dianteiras no colo da dona e abanou o rabo por diversas vezes. Ele, conta a proprietária, “é caçador de tatus”. “Pegava e levava para minha casa. Teve vez que levou até um lagarto, acredita?”, contou. Mas a lama da Samarco não poupou outros animais dela. “Uma égua e os bois não resistiram à enxurrada”, lamentou a mulher.

Muitos donos sabem que os animais estão sob os cuidados da mineradora, contudo não podem buscá-los por diferentes motivos. Há, por exemplo, quem está alojado em quartos de hotéis ou pousadas desde quando a barragem do Fundão estourou. Também há aqueles que não têm condições financeiras de alimentá-los, pois perderam toda a economia na tragédia e ainda não receberam o auxílio mensal de um salário-mínimo (R$ 788) prometido pela empresa.

*As informações são do jornal Estado de Minas.


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