Ato em homenagem às vitimas dos ataques israelenses reúne 1000 pessoas em SP

Imagem divulgada por internauta pela página do Movimento Palestina para Tod@s.
Imagem divulgada por internauta pela página do Movimento Palestina para Tod@s.

Jovens com trombones e tambores, crianças emocionadas com velas, senhoras e seus lenços na cabeça, homens com seus quipás, senhores com seus tapetes de oração estendidos, jovens de jaquetas e cadernos nas mãos. Um público diverso e um só sentimento: solidariedade ao povo palestino.

Cerca de mil pessoas se reuniram para uma vigília, na noite da terça-feira (15), na Praça Cinquentenário de Israel, no Pacaembú, em São Paulo. Durante o ato, organizado por entidades de apoio à causa palestina, uma projeção revelava os nomes das 200 pessoas mortas nos recentes ataques israelenses à Faixa de Gaza. A emoção tomava conta sem fazer distinção de cor, religião, gosto musical. Líderes religiosos falavam palavras de paz, jovens islâmicos seguravam faixas pedindo liberdade e jovens da periferia paulista cantavam versos sobre a violência, que aproximavam as realidades. Ainda, judeus e rabinos se somaram ao ato como forma de demonstrar que são contra a violência que tem vitimado crianças, mulheres e homens. 

Foi um ato que durou cerca de três horas em solidariedade ao povo palestino, em que o respeito e solidariedade laica e ecumênica, com rezas, música, silêncio e lágrimas. A Praça – que tem o nome em homenagem aos 50 anos da criação do Estado de Israel (1948) –  foi rebatizada pelos movimentos como “Palestina Livre”.

Viaturas da polícia monitoravam a manifestação. Apenas uma confusão foi registrada, no final do ato, quando chegaram deter uma garota, sob acusação de grafitar uma parede, mas ela foi liberada na sequência, após pressão popular. No momento, polícia chegou a fazer um disparo para cima.

No próximo sábado (19), às 13h30, haverá manifestação na cidade de São Paulo, com concentração em frente à Rede Globo.

Violação dos direitos humanos

Segundo a ONG Stop the Wall, até esta quarta-feira (16) o número de mortos na faixa de Gaza e Palestina pelos bombardeiros de Israel soma 220 pessoas, com mais de 1.500 feridos.

Hoje, ainda, o Exército israelense realizou ligações para moradores de Gaza para advertir sobre novos ataques. Cerca de 100 mil moradores foram “orientados” por militares a abandonar suas casas no Norte da Faixa de Gaza. Segundo a BBC, moradores do bairro Zeitun e de outras áreas também relataram ter recebido gravações de voz e mensagens de texto pelo telefones celulares instando-os a saírem de casa.

Na terça-fera (15), lideranças humanitárias da ONU pedem fim da ofensiva israelense. Segundo o site da organização, o coordenador humanitário da ONU no território palestino ocupado, James Rawley, e o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Pierre Krähenbühl, visitaram a região com uma comitiva.  “Precisamos lembrar mais uma vez a todas as partes envolvidas que elas devem aderir estritamente à lei humanitária internacional”, disse Rawley, que alertou também para a necessidade de respeitar plenamente os princípios da distinção entre civis e combatentes e tomar precauções para evitar mais incidentes.

“Nem as mais impressionantes imagens de televisão conseguem captar a profundidade do medo e do desespero sentido nas casas e nos corações dos habitantes de Gaza que estão enfrentando mais uma vez a morte, a devastação e o deslocamento”, disse o chefe da UNRWA. A UNRWA já declarou estado de emergência para as operações em todas as cinco áreas na Faixa de Gaza, que já reúne cerca de 17 mil pessoas que buscam refúgio em 20 escolas. “Algumas pessoas estão procurando refúgio nestas mesmas salas de aula, pela terceira vez em cinco anos”, disse Krähenbühl. Já Rawley apelou às partes para evitarem dirigir ataques à infraestrutura civil ou às áreas densamente povoadas. Até o momento, pelo menos 66 escolas e 940 casas foram atingidas, bem como ocorreram danos em estabelecimentos de saúde, educação, água e saneamento, além de os ataques afetarem a infraestrutura de energia elétrica na região.

Sem água

Ainda segundo a Organização das Nações Unidas, com a continuidade dos bombardeios promovidos pelo governo de Israel, a companhia de água de Gaza suspendeu as operações de emergência e os reparos devido à insegurança, alertando que o abastecimento de água para 600 mil pessoas está em risco. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) relatou que 400 mil pessoas perderam o acesso a água encanada devido à falta de energia ou aos danos provocados pelos ataques aéreos.

A agência da ONU informou que quase 23 mil crianças precisam de apoio psicológico, ao passo que sete centros médicos palestinos foram danificados pelos bombardeios. No total, mais de 20 mil pessoas precisam de assistência para se alimentar. A OCHA alertou que apenas 42% dos fundos solicitados foram cobertos, com cerca de 230 milhões ainda necessários para enfrentar a crise.


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