O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, autor de 35 livros, entre eles Amor líquido, disse que o noticiário atual, para chamar a atenção do público, precisa entreter. Bauman constata ainda que a mesma situação ocorre na área da educação, e exemplifica que as universidades também precisam oferecer produtos que entretenham os alunos, cada vez mais dispersos e desfocados pela quantidade massiva de informação oferecida por meio de veículos digitais.
“A habilidade de focar está muito difícil, está desaparecendo, e requer paciência e atenção. Nosso obstáculo é o excesso de informação”, afirmou Bauman, em entrevista no programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil. Aos 89 anos, Bauman é um dos intelectuais mais respeitados da atualidade. Em sua obra ele, entre outras questões, como consumo e capitalismo, o sociólogo denuncia a perseguição e morte dos judeus no Holocausto, durante o regime nazista que vigorou na Alemanha.
Bauman também é conhecido por analisar as relações dos tempos modernos e trouxe o conceito de modernidade líquida, onde nada é feito para durar, e os relacionamentos são frágeis e sem maiores compromissos com vínculos. Para o acadêmico, os tempos atuais na economia trazem “estados permanentes de suspeição e de competição” nas empresas, já que, quem continua empregado, precisa se policiar constantemente para não ser o próximo demitido, ao invés de se unir a outros colegas para questionar os empregadores.
“O indivíduo é obrigado a achar soluções individuais para problemas coletivos”, disse. Porém, ressaltou: “Sou um pessimista no curto prazo e um otimista no longo prazo”. Sobre o Brasil, afirmou que o país é um “milagre inacabado” com a retirada de milhões de pessoas da pobreza, entretanto, destacou que existem deficiências ainda a serem enfrentadas.
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