Corpo de ativista contra Barragens é encontrado amarrado em lago da usina Jirau

Nilce estava desaparecida desde o dia 7 de janeiro. Foto: Reprodução MAB
Nilce estava desaparecida desde o dia 7 de janeiro – Foto: Reprodução MAB

O corpo da ativista ambiental Nilce de Souza Magalhães, mais conhecida como Nicinha, desparecido desde o dia 7 janeiro, foi encontrado na última terça-feira (21) no lago da barragem da Usina de Jirau, em Porto Velho. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o corpo tinha mãos e braços amarrados a pedras pesadas, o que a mantinha dentro da água, a 400 metros de onde morava.

A pescadora era uma das líderes do movimento MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), formado por pessoas afetadas pela construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. As obras impulsionaram Nilce a lutar contra violações aos direitos humanos e pelo assentamento, após a construção das hidrelétricas, de pessoas em situação semelhante à sua.

Pescadora e filha de seringueiros, Nicinha morava em um acampamento numa ilha no Rio Madeira. O reconhecimento do corpo foi feito por duas filhas, que identificaram as roupas, o relógio e objetos que estavam com a ativista. Devido ao avançado estado de decomposição, a policia solicitou um exame de DNA que deve ficar pronto em 15 dias.

“O verdadeiro culpado pela morte é a construção das barragens, da forma que foram construídas em Rôndonia”, disse Guilherme Weimann, integrante do MAB. Um suspeito de cometer o crime foi preso uma semana após o desaparecimento de Nicinha. Ele disse à polícia ter atirado na vítima após um suposto furto. Ele fugiu da penitenciária de Porto Velho há dois meses.

O MAB refuta a hipótese de que “briga de vizinhos” motivou o crime e vai prestar uma homenagem à vítima. “Sabemos que ela incomodava muita gente”.

Ativismo

Nilce realizou diversas denúncias ao longo desses anos, participando de audiências e manifestações públicas, dentre as quais, apontou os graves impactos gerados à atividade pesqueira no rio Madeira após a construção das hidrelétricas. As denúncias geraram dois inquéritos civis que estão sendo realizados pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual. Um trata da não realização do Programa de Apoio à Atividade Pesqueira. O outro, de caráter criminal, investiga manipulações de dados em relatórios de monitoramento.


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