“Não quero afirmar que já há direitos que estão sendo violados, mas muitos depoimentos vão nessa direção e as consequências têm impacto em milhares de pessoas. Isso é incompatível com uma região com o nível de desenvolvimento de São Paulo”, afirmou o novo relator das Nações Unidas sobre a água, Leo Heller, que se se reuniu com ONGs, promotores, procuradores e acadêmicos nesta quarta-feira (29), em São Paulo, para discutir a crise hídrica, especialmente na região metropolitana. As informações são do jornal El Pais Brasil.
Heller pediu para que as organizações civis realizassem um relatório com provas que evidenciassem o desrespeito de direitos básicos, como os cortes de abastecimento nas comunidades mais pobres e teria ficado surpreendido com os depoimentos. “Não estamos falando de estatísticas nem evidências científicas. Os relatos da comunidade são uma evidência clara”, esclareceu.
A avaliação da ONU desse relatório ainda não tem prazo para ser preparado, mas poderá levar à instituição a cobrar respostas do Governo federal, através de uma “carta de alegação”, questionando quais providências estão sendo tomadas para evitá-las. “Os depoimentos foram muito fortes, mas tenho que ouvir os Governos”, disse o relator.
Ainda segundo o jornal, Heller reforça as críticas feitas pela antecessora, portuguesa Catarina de Albuquerque, de que a crise poderia ter sido evitada com um planejamento adequado por parte do governo de Alckmin. “Eu endosso completamente o que a Catarina falou. Entre outras coisas ela também disse que não é aceitável que uma prestadora de serviços de fornecimento de água, como a Sabesp, mantenha uma parte da sua população sem acesso à água e transfira recursos para fora. Quer distribuir lucro? Ok, mas só se você tem uma completa universalização dos serviços compatível com os direitos humanos”, disse Heller.
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