“A delação da JBS decreta o fim do governo Temer”, diz Guilherme Mello

Após a publicação da matéria do jornal O Globo, segundo a qual os donos da JBS, Joesley e Wesley Batista, teriam dito em delação à Procuradoria-Geral da República (PGR) que gravaram o presidente Michel Temer dando aval para comprar o silêncio de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o País virou de cabeça para baixo e o futuro do governo Temer é incerto. Pela primeira vez desde 2008, a bolsa brasileira recorreu ao mecanismo de circuit breaker, que trava as negociações em caso de instabilidade no mercado. Isso significa que as ações que compõem o índice Ibovespa, dos papéis mais líquidos, tiveram seus preços negociados no limite máximo de queda permitido pela Bolsa antes de interromper os negócios. O Ibovespa travou as negociações quando já caíra 10,46%.

Para o economista Guilherme Mello, professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (Cecon-Unicamp), “a delação da JBS decreta o fim do governo Temer. Mesmo que se mantenha no poder, Temer perde qualquer possibilidade de tocar uma agenda política, particularmente as reformas antipopulares que vinha propondo. Um abismo político se coloca no horizonte, pois a solução institucional prevista (eleições indiretas) carece de legitimidade popular e seria realizada por um Congresso totalmente desmoralizado. A hipótese de eleições diretas é a mais democrática nesse momento de profunda crise política, mas exigirá uma grande mobilização popular para ser aprovada no Congresso. Mesmo aprovada, as condições para realização de uma eleição hoje envolvem uma profunda incerteza, abrindo espaço para aventureiros autoritários. Do ponto de vista da economia, a instabilidade elimina qualquer chance de recuperação em 2017, que na prática já era mínima. Pelo lado positivo, é possível que se antecipe a discussão dos rumos do país, caso se eleja um novo governo com apoio e legitimidade popular, capaz de guiar o país para fora da recessão”.


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