Eduardo Suplicy afirma que PT deve fazer mea culpa

Eduardo Suplicy, vereador eleito em São Paulo. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Eduardo Suplicy, vereador eleito em São Paulo. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O vereador eleito para a Câmara de São Paulo Eduardo Suplicy, do PT, nome mais votado em todo o Brasil, acredita que o futuro dos partidos de esquerda depende agora da realização efetiva de propostas progressistas. “Todos aqueles que quiserem lutar com o objetivo de construir um país mais igualitário e justo, e com apresentação de propostas que signifiquem avanços nessa direção, serão fortalecidos.”

Segundo ele, as propostas incluem o estímulo às formas de cooperativas de produção, a expansão do microcrédito, a elevação do grau de educação, um bom atendimento de saúde e o aperfeiçoamento dos sistemas de transferência de renda, como o projeto de renda básica de cidadania, ideia que ele defende e reúne apoio entre socialistas e liberais.

Suplicy, que recebeu 301,4 mil votos, 5,62% do total válido da cidade de São Paulo, o maior colégio eleitoral do País, comemora o resultado. “Estou muito feliz. Mas triste também pelo fato de o prefeito Fernando Haddad não ter ido para o segundo turno. Tinha muita esperança que fosse.”

Apesar de ter perdido a prefeitura paulistana e encolhido nacionalmente, o PT ficou apenas sem uma cadeira na Câmara municipal a partir de 2017, passando de nove para oito representantes. Já no País, o partido ocupa agora a 10ª colocação em número de vereadores, passando de 5.067 cadeiras em 2012 para 2.795 no ano que vem.

Para Suplicy, esse quadro mostra que o PT precisa refletir sobre os próprios erros. “Precisamos realizar um grande esforço de análise dos problemas que aconteceram e de como eles afetaram o prosseguimento da nossa história.”

De acordo com o vereador eleito, uma organização como o PT, que tem mais de 1,8 milhão de filiados, é difícil manter o controle de todos. “Alguns cometem erros e é nossa responsabilidade procurar prevenir e corrigi esses erros da forma mais transparente e ética. Precisamos fazer com que todos os companheiros tenham atitudes com esse propósito.”

Sem citar nomes, Suplicy, que já exerceu cargos como deputado estadual, federal, vereador e senador, disse que os ex-presidentes Lula e Dilma contribuíram “enormemente” para que muitas pessoas tivessem “voz e vez” de influenciar as decisões do governo. Ele citou as eleições de 2014, quando o PT já dava sinais de desgaste. “Em São Paulo, foi um verdadeiro tsunami; Dilma teve apenas 25% dos votos e Alexandre Padilha, então candidato do PT á prefeitura, 18%. Naquele ano, eu tive 32,5% dos votos para o Senado, uma boa votação, mas não suficiente para vencer o tucano José Serra.”

Por isso ele defende que o partido pense sobre os motivos que levaram a essa derrota. “São percalços fortes e significativos, que causaram uma reação negativa da sociedade. Precisamos estar conscientes disso.”

Sobre a Lava Jato, Suplicy afirmou que a investigação fortalece a Polícia Federal e os órgãos da controladoria e a própria Procuradora Geral da União, no sentido de apurar com melhor precisão possíveis irregularidades. “A operação está dentro desse quadro, que foi objeto de parte do próprio PT. Mas parece que as investigações têm se concentrado em figuras do PT, não realizando ações tão fortes com pessoas de outros partidos.”

Ele acredita que, caso a Lava Jato seja interrompida, provocará um enfraquecimento do governo. “Michel Temer já é muito questionado no que diz respeito a sua legitimidade. Há duas semanas, escrevi uma carta para ele, propondo que aproveitasse as eleições deste para consultar a população sobre a continuação de seu comando na presidência até 2018. Se a maioria dissesse não, minha sugestão seria que ele convocasse eleições livres e diretas no primeiro domingo de dezembro para que o presidente eleito assumisse no dia 1º de janeiro do próximo ano. Seria uma forma de Temer pacificar e unificar o Brasil. Mas, por enquanto, ele não respondeu à carta.”


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