Equipe médica constata óbito de Dona Marisa Letícia

Foto: Helio Campos Mello
Foto: Helio Campos Mello

A ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva, esposa do ex-presidente Lula, teve óbito constatado as 18h57 desta sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017. 

Minutos antes, Dona Marisa recebeu o sacramento de extrema unção, conferido pelo padre Julio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua. 

No início desta tarde, a equipe médica deu início ao protocolo para o diagnóstico de morte encefálica. 

A ex-presidente Dilma Rousseff chegou ao hospital na manhã de hoje e segue acompanhando o ex-presidente Lula. Ela afirmou que Marisa era “o esteio da família”. O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) também visitou a família. “O presidente Lula está muito triste mas muito firme. Apesar de muito sofrido, o vejo preocupado com os filhos, com o Brasil e com as coisas do futuro”, disse a jornalistas na porta do hospital. 

Outros petistas visitaram Lula, como o ex-ministro e ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, e o ex-prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho. 

Segundo amigos da família, Lula está emocionado, mas se mantém forte, confortando aqueles que chegam para prestar solidariedade. 

O velório acontece neste sábado, 4 de fevereiro, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde Lula e Marisa se conheceram, das 9h às 15h. Em seguida haverá uma cerimônia de cremação no Cemitério Jardim da Colina, reservada a familiares.

BIOGRAFIA

O casamento com Lula durou 43 anos. Mais que testemunha ocular de um período da história contemporânea brasileira, Marisa Letícia viu essa história ser construída dentro da própria casa. A ex-primeira-dama presenciou reuniões que culminaram na primeira grande greve do ABC paulista, em pleno regime militar, outras que traçaram as estratégias de luta pelas Diretas-Já e, principalmente, viveu todo o processo de luta sindical que culminou com a criação do Partido dos Trabalhadores (PT).

A primeira bandeira do PT foi feita por Marisa, quando ainda eram realizados encontros em sua casa para definir os rumos do futuro partido.

“Eu tinha um tecido vermelho, italiano, um recorte guardado há muito tempo. Costurei a estrela branca sobre o pano vermelho. Ficou lindo. A gente não tinha núcleo, não tinha nada. Minha casa era o centro. Começamos a estampar camisetas para arrecadar fundos. Vendíamos uma para comprar duas. Estampava a estrelinha e comprava mais. Foi assim que começou o PT”, contou Marisa.

Filha de Antonio João Casa e Regina Rocco Casa, descendentes de italianos, a ex-primeira-dama teve 15 irmãos, três dos quais morreram ao nascer. Aos 9 anos, a paulista de São Bernardo começou a trabalhar.

Foi pajem dos filhos de Jaime Portinari, um dentista conhecido, sobrinho do pintor Cândido Portinari. Luiz Inácio Lula da Silva é o segundo marido de Marisa. Aos 19 anos, ela conheceu Marcos, um motorista de caminhão que transportava areia, com quem logo se casou.

Como queria comprar uma casa, Marcos fazia bicos, com o táxi do pai à tarde, nos fins de semana. Quando estava com quatro meses de gravidez, Marisa recebeu a notícia do assassinato do marido, num assalto enquanto trabalhava. Numa de suas idas ao Sindicato dos Metalúrgicos para receber o benefício do INPS, Marisa, já viúva, conheceu Lula.

Entre 1978 e 1980, com o fortalecimento dos movimentos sindicais, Marisa viu personalidades como Frei Betto, Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Suplicy e o atual arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, frequentando constantemente sua casa.

Quando, em 1980, Lula e outros líderes sindicais foram presos no DOPS paulista pelo regime militar, Marisa não hesitou em organizar uma passeata só de mulheres e crianças para denunciar a prisão dos maridos à sociedade.

“Os homens queriam o nosso apoio, mas nós dissemos não e saímos. Fizemos só com as mulheres. Botei as crianças na rua, meus filhos no meio daquela multidão, polícia para tudo quanto é lado”, revelou.

Marisa era mãe de quatro filhos, três com Lula e um com o primeiro marido.


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