Se os vestígios do século 16 praticamente desapareceram para o carioca e o turista que visita a cidade do Rio, muita coisa pode estar oculta sob a terra ou sob novas construções. As ruínas de uma construção de taipa, por exemplo, foram encontradas há cerca de dez anos, durante escavações na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé.
“A base da paliçada é em taipa de pilão – uma técnica de origem europeia que utiliza uma espécie de forma de madeira recheada de argamassa de cal para fixar toras de madeira”, conta o arqueólogo Claudio Prado de Mello, que acredita ser essa a construção mais antiga da cidade.
Acredita-se que as ruínas pertençam à ermida (pequena igreja) de Nossa Senhora do Ó, erguida antes de 1590 naquela região. A pequena ermida acabou desabando no início do século 17 e sobre ela foi construído o novo templo, pela Ordem dos Carmelitas. No ano passado, as escavações para a construção de uma agência bancária na mesma rua (Primeiro de Março), no centro do Rio, descobriram os restos arqueológicos, também em taipa, de uma construção provavelmente da década de 1580.
Como no local será construído um banco, os restos arqueológicos estão sendo catalogados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e retirados do terreno. Os trabalhos de escavações arqueológicas ainda estão em andamento.
“Nunca houve uma preocupação grande com a preservação do que havia sido construído, com o intuito de criar marcos para a memória. Portanto, isso faz com que não existam esses marcos iniciais, que são muito raros no país e especialmente no Rio de Janeiro, que foi uma cidade construída sobre si mesma”, disse o pesquisador de teoria e história da arte da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Roberto Conduru.
Deixe um comentário