Implantar um currículo educacional tão com- plexo como o da Escola Germinare – que envolve a formação tradicional do Ensino Fundamental II e a do Ensino Médio, com a grade disciplinar de uma faculdade de Administração de Empresas – exigiu empenho reforçado não só dos alunos, mas também do corpo pedagógico da instituição criada em 2009 pelo grupo J&F.
No início das atividades, a missão coube a Maria Odete Perrone, diretora pedagógica que, agora, completa cinco anos de aplicação do conteúdo programático diferenciado proposto pela escola. “Para nós, que viemos de escolas tradicionais, encarar um projeto tão inovador e diferente foi um grande desafio. Hoje, ele está mais que consolidado. Acredito que chegamos onde queríamos e a escola está sendo bem-sucedida. Trabalhar na Germinare é uma experiência ímpar, que me trouxe de volta o sonho de ser educadora”, afirma Maria Odete.
Na ocasião em que a Brasileiros fez um balan- ço do primeiro ano de atividades da Escola Germinare, no final de 2010, a direção executiva do Instituto Germinare estava a cargo de Vivianne Batista Silveira, uma das três filhas do fundador do grupo J&F, José Batista Sobrinho. Há cerca de dois anos, ela mudou-se para Brasília (DF) e teve de distanciar-se do projeto. Na ocasião da primeira reportagem, Vivianne fez um diagnóstico positivo das possibilidades abertas pela Germinare: “Os alunos não vão sair daqui com certificados de formação profissional, mas vão adquirir conhecimentos que fazem parte da rotina de diferentes áreas”, afirmou.
Em fevereiro de 2012, um profissional de alto gabarito assumiu o comando da direção executiva do Instituto Germinare. Francis- co Antonio Serralvo tem larga experiência na formação acadêmica de grandes gestores. A seguir, o educador fala de sua experiência à frente Germinare.
Brasileiros – Atualmente, além de colaborar para a Escola Germinare, quais funções o senhor exerce em outras instituições de ensino?
Francisco Antonio Serralvo – Sou professor titular da cadeira de Marketing há mais de 25 anos, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, além de exercer o cargo de diretor da Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais – FEA-PUC/SP. Também integro o corpo de especialistas do INEP/MEC, como consultor para avaliação de cursos na área de Administração e Gestão de Negócios.
Em sua trajetória profissional, já teve contato com algum projeto educacional similar ao da Germina- re? Quais são os principais diferenciais da escola?
Eu não conhecia e ainda não conheço nenhuma proposta que se assemelhe à da Germinare. A escola tem um projeto único, baseado no desenvolvimento do potencial de crianças e
jovens para se tornarem gestores na área de negócios. O principal diferencial da Germina- re é que a formação do gestor não se resume em trabalhar os aspectos técnicos do administrador. Estimulamos, acima de tudo, o perfil necessário para desenvolver o profissional da área de Gestão. As escolas voltadas para o campo da Administração educam, em todos os níveis (técnico, graduação e mesmo na pós-graduação), com conteúdos necessários para o desempenho da função, mas não desenvolvem o perfil do gestor como nós fazemos. Desde a entrada das crianças na escola, entre 10 e 11 anos de idade, nós apresentamos um conjunto de habilidades sociais, humanas e mentais para que, a partir dessa base específica, elas possam desenvolver as competências técnicas necessárias a um bom gestor. O resulta- do é que conseguimos formar jovens melhor preparados para o mercado de trabalho, que sabem fazer suas próprias conexões com a realidade e o conhecimento adquirido na escola. Eles não vão ficar dependentes de esquemas preestabelecidos para modular suas decisões.
Apesar de não estar na escola desde o início, que balanço o senhor faz dos primeiros cinco anos?
A escola sempre teve um ensino diferenciado e contou, desde o início, com um corpo docente altamente capacitado, que garante um grande repertório intelectual e transfere uma base consistente de conhecimento aos alunos. A construção desse alicerce tem sido fundamental para os progressos que temos tido na formação dos alunos. Há de se considerar também o elevado grau de envolvimento e dedicação de todos eles. A carga de estudos e de trabalho é bastante grande e requer dedicação. Com os novos conteúdos que introduzimos desde o início de 2014, foi possível observar e acompanhar o desenvolvimento e a adaptação à realidade empresarial que os alunos, sem exceção, demonstraram nesse período.
Quais qualidades dos alunos o senhor destaca e que perspectiva enxerga para o futuro profissional deles?
São muitas as qualidades dos nossos alunos, porém podemos destacar, para dizer o mínimo: elevado grau de raciocínio, flexibilidade, capa- cidade de adaptação, curiosidade e busca contínua pelo aprendizado. Sobre as perspectivas, eu acredito que não há limites. Eles, certamente, serão bem-sucedidos em qualquer carreira que escolherem – e eu estou torcendo muito que seja, em sua esmagadora maioria, a Administração. A determinação e o foco que eles demonstram é de impressionar qualquer um. Não tenho dúvidas da elevada capacidade de realização que eles terão em suas vidas profissionais.
Para sua trajetória de educador, qual o significado da experiência em trabalhar para Escola Germinare e poder participar de um projeto tão diferenciado?
No campo acadêmico, certamente esse foi um dos maiores desafios que enfrentei, pois eu nunca tinha trabalhado com crianças e jovens e tive de aprender como eles se comportam. Também tive de estudar a questão da legislação ligada ao Ensino Funda- mental II e Médio. Todavia, o aspecto mais difícil foi desenvolver um projeto que permite estimular as competências para a formação do gestor em negócios, sem interferir na elevada qualidade de ensino formal que a escola tem.
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