O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), do Espírito Santo, intimou a mineradora Samarco a tomar providências quanto aos impactos ambientais que a enxurrada de lama causará ao estado. A lama com rejeitos usados no processo de mineração atingiu o Rio Doce e segue por ele em direção ao território espiritossantense. Nesta terça-feira (10), a enxurrada entrar nas primeiras cidades do estado vizinho.
“A determinação do instituto é para que a empresa promova todo o apoio necessário aos municípios e aos cidadãos capixabas que forem atingidos pela onda de lama, com ações que minimizem os impactos ambientais decorrentes da impossibilidade do tratamento de água nos locais afetados pelos rejeitos”, disse a Iema. A intimação foi entregue nesta segunda-feira (9) segundo o instituto.
O Iema é o responsável por emitir a licença ambiental na região. Dentre as medidas exigidas pelo instituto, estão o monitoramento da qualidade da água do Rio Doce e das águas do mar que serão atingidas pela lama e distribuir água potável para consumo humano e animal. A Samarco não emitiu nenhum comunicado sobre o assunto até o fechamento da matéria.
De acordo com o biólogo André Ruschi, diretor da escola Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Aracruz, no Espirito Santo, a lama que desce no Rio Doce atingirá cerca de 10 mil quilômetros quadrados do litoral norte da região litorânea do estado. A área compreende três unidades de conservação marinhas: Comboios, Área de Proteção Ambiental Costa das Algas e Refúgio da Vida Silvestre de Santa Cruz, que somam cerca de 200 mil hectares no mar.
Governo Federal oferece ajuda
O ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, conversou com o secretário estadual de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano, João Coser, e colocou o governo à disposição do Espírito Santo para enfrentar a chegada da enxurrada de lama. Occhi se encontrará nesta terça-feira (10) com o governador do estado, Paulo Hartung, para falar do apoio que o governo federal prestará.
A Defesa Civil do estado está trabalhando para alertar banhistas e moradores da calha do Rio Doce, que ainda não foram informados sobre a chegada da lama, o que deve ocorrer nas próximas horas. “O governo está presente com sua equipe para toda a infraestrutura necessária para a passagem da onda de lama. Todo nosso esforço é para que a onda de lama passe com o menor impacto possível para a população dos três municípios atingidos no Espírito Santo”, disse Coser.
O governo do estado preparou uma ação com empresas fornecedoras de energia elétrica e água, empresas privadas, diferentes órgãos estaduais e municipais das cidades de Baixo Guandu, Colatina e Linhares, localidades que devem sofrer a invasão de lama. Segundo o Iema, 60 carros-pipa foram disponibilizados para garantir o abastecimento de água.
A onda de lama é resultado do rompimento de duas barreiras de contenção de rejeitos de mineração da mineradora Samarco que aconteceu na última quinta-feira (5) na região de Mariana (MG). O acidente destruiu o distrito de Bento Rodrigues, na zona rural de Mariana, deixou três mortos, 24 desaparecidos e 612 pessoas desabrigadas.
Mais uma vítima
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou, no início da noite desta segunda-feira (9), a identificação da terceira vítima do rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, no distrito de Bento Rodrigues, na zona rural de Mariana (MG). O corpo de Valdemir Aparecido Leandro, 48 anos, foi reconhecido pela família. Ele era funcionário da Geocontrole, empresa que prestava serviços à Samarco. Com a confirmação, seguem desaparecidas 24 pessoas, sendo 11 funcionários e 13 moradores, entre eles, cinco crianças.
Na tarde desta segunda-feira, um corpo foi encontrado no município de Barra Longa, a 70 quilômetros de Mariana. Ainda não há confirmação de que a morte tenha relação com o rompimento das barragens. Segundo o Corpo de Bombeiros, 612 pessoas estão desabrigadas. São 162 famílias hospedadas em hotéis de Mariana, de acordo com a corporação.
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