Estudantes secundaristas ocupam 688 escolas no Paraná, segundo a lista divulgada pelo movimento Ocupa Paraná, às 13h desta terça-feira (18). Os alunos protestam contra a PEC 241, a Medida Provisória de reforma do Ensino Médio e a Projeto de Lei da Escola Sem Partido. Ocupações se espalham por todo o País, mas em números muito menores. No Paraná, atingiram mais de 140 municípios desde que tiveram início, no dia 3 de outubro.
Segundo reportagem do jornal Gazeta do Povo, cerca de 70% das escolas ocupadas por estudantes em Curitiba já foram visitadas pelo Conselho Tutelar e nelas não foram encontradas irregularidades. “Vimos escolas organizadas, com cartazes para cuidar do patrimônio público e comida e colchões doados pela comunidade, apesar de sentirmos que eles não têm apoio de toda a escola. Os orientamos a manter no bolso a autorização por escrito dos pais”, disse o responsável pela Comissão de Educação, Jader Geraldo Gonçalves Pinto, em entrevista ao jornal.
Para Camila Lanes, presidente da Ubes (União Brasileira de Estudantes Secundaristas), a força do movimento no Paraná se deve a um “acúmulo de desgaste dos estudantes dentro da escola pública”: “Primeiro foi em São Paulo, com a reorganização do Geraldo Alckmin, agora é aqui. Ambos os estados são governados pelo PSDB, com a mesma ideia para educação. Se a MP do ensino médio for aprovada, é escolha do governador acatar ou não. Estamos construindo essa luta para demarcar que não queremos a MP aprovada”.
As ocupações começaram quando a MP do ensino médio foi anunciada pelo governo de Michel Temer. “A gente decidiu ocupar tudo. Entendemos que a PEC 241 não é do teto, mas do congelamento de gastos públicos, inclusive para saúde e educação. E somos contra a MP 746, que deforma o ensino médio, finge de maneira descarada que resolve nossos problemas. Sofremos com merenda escola, superlotação, falta de professor e de material escolar, não é mudando a ordem da grade curricular que esses problemas serão resolvidos, muito menos diminuindo o valor per capta por estudante, que é o que Temer está fazendo. E por fim somos contra a Escola Sem Partido, porque a democracia deve prevalecer a essa falácia que só quer atacar a conscientização dos alunos oriundos de escola pública”.
Lanes diz que não há prazo determinado para desocuparem os espaços, decisão que será tomada individualmente por cada escola: “Nem com reintegração de posse, que não nos ameaça ou nos coloca medo”.
O movimento dos secundaristas ganhou espaço no ano passado, quando centenas de escolas foram ocupadas por todo o País. Em São Paulo ocuparam mais de 200 escolas contra a chamada “reorganização escolar” de Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que acabou sendo cancelada pelo governador.
Neste ano, os estudantes voltaram às ruas contra a Máfia da Merenda, esquema de superfaturamento nas merendas escolares da Secretaria de Educação de Alckmin. Os secundaristas ocuparam a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para pressionar pela instauração da CPI das Merendas, que foi aberta em maio deste ano.
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