Pixação: Arte ou Vandalismo?

Foto: Cesar Brustolin/ SMCS
Foto: Cesar Brustolin/ SMCS

Em São Paulo, a pixação é vista como ato de vandalismo, poluição visual ou qualquer outro tipo de rotulação, enquanto o Graffiti ganhou espaço nos últimos anos e já é considerado uma arte urbana. Atrai o olhar das pessoas através dos traços coloridos e abstratos, enquanto a pixação ostenta um estilo seco, com traços retos, agressivos.

Fora do Brasil, no entanto, a pixação vem sendo motivo de análise. O jornal britânico The Guardian publicou uma matéria analisando o movimento como uma forma de expressão artística. Por trás de linhas retas e arestas afiadas, as pixações não deixariam de carregar alguma mensagem sociocultural, diz o texto.

O uso de “muralhas” para dividir e segregar é algo muito comum na sociedade paulistana, desde as eleições de 1930, quando os políticos já usavam construções e muros como plataforma para fazer campanha. Na década de 1960, quando os estudantes saíram às ruas para protestar contra a ditadura militar, os muros se tornaram uma forma de protesto e lemas com “Abaixo a ditadura” passaram a ilustrar a cidade cinza, conta o Guardian.

O texto atribui à faceta do rock feito no Reino Unido e nos Estados Unidos na década de 1980 como a inspiração dos jovens paulistas naquela década. Assim, o estilo foi se difundindo gradativamente inspirando diversos pixadores a chegarem a um estilo e caligrafia própria. Estima-se que existam mais de 5000 pixadores só na cidade de São Paulo.

Mas as coisas vêm mudando. A Pixação teria se transformado em algo mais “vaidoso”. “Hoje, as pessoas desenvolvem logotipos e saem pela cidade espalhando sua marca ou a de algum grupo como se fosse um jogo. Os pixadores também são avaliados pela coragem de subir em lugares inóspitos, como o alto de um prédio, para ostentar seu simbolo”, diz o texto. Quanto mais alto o risco, mais valorizado o “artista”.

Afinal, pixação é arte ou é vandalismo?


Comentários

3 respostas para “Pixação: Arte ou Vandalismo?”

  1. Então. se a Beatriz Milhazes pintar seu “MEU LIMÃO”, hoje avaliado em 4 milhões de reais, no meu muro, e o José Silva, pichador da Zona leste escrever com spray “FODA-SE” em cima da primeira obra, eu vou aplaudir ele, por ser um grande artista, certo ?

  2. Avatar de Guilherme Almeida
    Guilherme Almeida

    Pichação é com CH, não com X. Estranho um veículo jornalístico não saber disso e cometer esse erro grosseiro. Isso sim que é um vandalismo contra a língua de Camões.

    1. Avatar de Fabiano Ferreira Martins
      Fabiano Ferreira Martins

      O uso do “x” no lugar do “ch” é intencional. É uma “reescrita” que visa a ressignificação do próprio termo. Os próprio piXadores (com X) utilizam essa forma de escrever. Não foi um “erro grotesco” do “veículo jornalistico”.

      Leia mais aqui: https://pesquisafacomufjf.wordpress.com/2013/12/20/a-arte-da-pixacao-isto-e-uma-agressao-estetica/

      E só pra constar: a língua não é de Camões! Ela é de toda a sociedade que a utiliza e transforma conforma as necessidades socioculturais que surgem ao longo da história.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.