Pela primeira vez, reserva indígena conta com médico exclusivo para atendimento

Até março de 2017, o cubano Michel Almaguer Riberón, integrante do Programa Mais Médicos, atenderá na reserva Indígena Trocará (localizada a 24 km ao norte do município de Tucuruí e a aproximadamente 432 km de Belém, capital do Estado do Pará). Com 21.722 hectares de terra, abriga quatro aldeias e conta com pouco mais de 800 habitantes das etnias Asurini, Anambé e Amanaé. Pela primeira vez, a reserva conta com médico exclusivo. 

“Para mim, é uma experiência única na vida, porque a gente só conhecia índios por literatura, por livros. É uma experiência inigualável na riqueza cultural que eu estou conhecendo. E eu estou fazendo também o curso de Antropologia em Saúde, dentro da especialidade de Saúde Indígena, que forma parte do nosso trabalho no Programa Mais Médicos.”

A rotina de Michel inclui o atendimento a mais três aldeias dentro da reserva, além da aldeia principal, Trocará. O médico permanece por uma semana dentro da reserva fazendo as visitas. Ao final deste período, retorna ao município de Tucuruí, onde faz o curso de especialização, resolve questões administrativas de saúde das aldeias e tira seus dias de folga, até retornar para mais uma semana dentro da reserva.

O médico cubano Michel Almaguer Riberón na reserva indígena Trocorá (Pará). Foto: Reprodução
O médico cubano Michel Almaguer Riberón na reserva indígena Trocorá (Pará). Foto: Reprodução

 

“Para nós indígenas, o atendimento ficou muito bom com o Programa Mais Médicos. Porque antes a gente tinha que ir para o município, tentar marcar uma consulta, tentar uma ficha para um clínico geral. A gente não tinha esse privilégio, de ter um médico dentro da área. Mas com a vinda do Programa se tornou mais fácil para a gente conseguir atendimento e medicamento”, diz Waitahoa Assurini, presidente do Conselho Regional Indígena da Reserva Trocará.

O cacique da Aldeia Trocará, Jakamiramé Assurini, só fala tupi e precisou de uma intérprete para dar seu depoimento. Ele disse que ter um médico na aldeia é muito bom porque ele está cuidando da saúde dos índios e que antes não havia como o seu povo fazer tratamento com remédios. O cacique afirmou que, antes da chegada de Michel, os índios morriam mais facilmente.

Segundo o médico cubano, os maiores problemas da comunidade indígena são anemia por déficit nutricional, parasitismos, disenteria e a falta de higiene e condições precárias de vida. Além de combater diretamente as doenças, Michel faz palestras de conscientização nas aldeias. “É uma experiência que nós aprovamos. Foi muito boa a presença dele aqui. Ele é um parceiro da escola, e teve a excelente ideia de dar palestras sobre saúde para os alunos”, diz o professor da reserva, Wairemoa Assurini.

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O médico cubano conta que os índios são muito reservados, muito fechados ao diálogo e que no início é muito difícil conseguir a confiança deles. “Até para eu me aproximar deles era difícil no começo. Você tem que ir devagar e ter muita atenção e cuidado com eles. Mas, quando eu finquei o pé aqui nessa aldeia, senti que fui muito bem acolhido por eles, até o dia de hoje”.

“A gente realmente aprova a presença dele aqui. Ele foi uma pessoa que não mediu esforços para ajudar a comunidade. E, no que depender da gente, e eu falo em nome das lideranças e dos caciques, ele vai ficar aqui para o resto da vida, porque ele está fazendo um excelente trabalho para os índios”, elogia o professor Wairemoa.

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