Dois meses após o rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, surge a primeira boa notícia para o Rio Doce. Uma equipe de biólogos financiada pela Samarco pesquisou 215 pontos da calha e constatou significativa quantidade de cardumes ao longo do maior curso d’água exclusivamente do Sudeste brasileiro, com 670 quilômetros de extensão, do município de Rio Doce, na Zona da Mata mineira, à foz, em Linhares (ES).
“Estancado o vazamento e chovendo três anos em condições normais, o rio deverá ter fauna parecida à de antes”, projeta o biólogo Fábio Veieira, com mestrado e doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre a Bacia do Doce.
A usina hidrelétrica de Candonga, a cerca de 15 quilômetros do início do Rio, teve grande participação na preservação dos peixes, uma vez que o paredão de concreto segurou boa parte dos 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério que vazaram da barragem da Samarco.
Os biólogos percorreram o rio, de 3 a 11 de dezembro, numa embarcação com motor de popa e um sonar acoplado ao casco. O aparelho emite vibrações até o fundo da calha. No retorno das ondas, os peixes são denunciados por um sinal enviado a outro aparelho, na parte superior do barco.
O sonar, contudo, não identifica as espécies flagradas. Essa será a segunda fase do levantamento. Nos próximos dias, diante dos dados com a localização dos cardumes, redes serão jogadas no leito. Os animais capturados serão analisados e servirão como base para estimar a população das espécies exóticas à bacia, como o dourado, e das endêmicas.
A pesquisa foi financiada pela Samarco como uma das exigências do poder público para que a mineradora, controlada pela brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, apresente planos de recuperação da natureza destruída pelo estouro da barragem.
Deixe um comentário