Espantoso o poder das torcidas organizadas no Brasil. Qual o segredo para se manterem funcionando, embora tenham transformado os clássicos de futebol em um evento de risco à vida? Não é exagero: desde 2010, 113 pessoas morreram em confrontos de organizadas. O último caso foi registrado no domingo (3), dia do clássico mais tradicional de São Paulo, ocasião em que o Palmeiras venceu o Corinthians por 1 a 0.
A vítima não tinha nada a ver com a briga. Um confronto entre a Gaviões da Fiel, do Corinthians, e a Mancha Alvi Verde, do Palmeiras, em frente à estação de trem de São Miguel Paulista (zona leste) terminou com um tiro, que atingiu o coração de um homem que não participava do confronto. Morreu na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra.
O ano com o maior número de homicídios foi em 2013, quando 30 pessoas foram assassinadas. No ano passado, 15. O levantamento, do sociólogo Mauricio Murad, foi informado ao jornal Folha de S.Paulo. “Não é a torcida organizada como um todo que é responsável, são facções. Mas elas têm se sofisticado muito, tem aumentado o nível de crueldade e de planejamento do conflito.”
Também há muita impunidade, diz o estudo: só 3% dos casos foram resolvidos em 2014, índice abaixo até da punição de homicídios no Brasil, de 8%. “Eles se encontram armados para medir forças”, afirma o promotor do Ministério Público Estadual de São Paulo, Paulo Castilho. “Eles estão usando a instituição de fachada para cometer crimes”, afirmou ao jornal.
O esquema de facção é tamanho que existe até regras internas. Se cair no chão não pode agredir e ninguém deve delatar seus agressores. O resultado é que nem sempre quem morre é de organizada: “Há um porcentual grande de torcedores que são mortos sem terem qualquer relação com a torcida organizada”, afirma o sociólogo.
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