É mais fácil a corrupção acabar com a Lava Jato que a Lava Jato acabar com a corrupção

Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Por que tantos corruptos ocupam os principais cargos da República?

Porque os corruptos são a maioria.

Tanto na classe política quanto no eleitorado.

Antigamente havia um grande corrupto. Dois. Três.

Agora são centenas.

Tucanos comemoram quando petistas são denunciados por corrupção.

Petistas comemoram quando tucanos são denunciados por corrupção.

Mas será que há motivos para comemorar?

A corrupção tornou-se o único caminho para ganhar as eleições. E o único caminho para governar.

Os partidos precisam arrecadar muito dinheiro para chegar ao poder porque as campanhas são caras, para se manter no poder porque há cada vez mais aliados e para se reelegerem. E continuarem no poder.

A Lava Jato chegou há  dois anos, mas não conseguiu evitar que a Câmara seja presidida por um “delinquente” que é réu duas vezes no STF e o Senado por alguém que responde a 12 processos no STF, sendo nove relativos à Lava Jato. E que centenas de deputados e senadores tenham mandatos, sempre protegidos pelo foro privilegiado que, em vez de evitar que se cometam injustiças dá sobrevida a quem agride a Justiça.

Um padrão preocupante e desolador se repete: praticamente todos os mais recentes presidentes da Câmara foram denunciados por corrupção: Luiz Eduardo Magalhães, Aécio Neves, João Paulo Cunha, Severino Cavalcante, Michel Temer, Henrique Eduardo Alves, Eduardo Cunha.

Os últimos presidentes do Senado idem, idem com batatas: Sarney, Renan Calheiros.

Quanto maior é o número de partidos mais aumenta a corrupção. Há mais gente para ser convencida a aderir ao governo.

Todos que se elegeram ou tentaram se eleger prometendo acabar com ela – Collor, Lula, Eduardo Campos, Marina, Fernando Henrique – ou foram acusados de corrupção ou suas campanhas ou seus governos foram.

Chegamos a um ponto em que, da boca para fora, os eleitores rejeitam a corrupção. Mas na hora de votar elegem corruptos.

Qual é o eleitor que não sabe quais são os métodos de Maluf? Mas vota em Maluf.

Renan renunciou à presidência do Senado para não ser cassado por corrupção. Mas na eleição seguinte foi reeleito senador.

Collor foi derrubado por causa de corrupção e ficou oito anos inelegível. Depois de oito anos foi eleito senador.

Jader Barbalho responde a inúmeros processos por corrupção. Mas continua se elegendo senador.

Nem a lei da ficha limpa foi capaz de afastar os corruptos do poder.

Nem o STF consegue afastar os corruptos do poder.

Há muito mais denunciados por corrupção soltos do que presos.

É impossível prender todos os corruptos.

É mais fácil a corrupção destruir uma presidente da República do que uma presidente da República destruir a corrupção.

É mais fácil a corrupção acabar com a Lava Jato do que a Lava Jato acabar com a corrupção.


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