Uma das primeiras reportagens que me pautaram quando mudei para cá em definitivo, foi sobre “sexo virtual”. As pessoas com quem eu falei, então, garantiram que a bimba cibernética seria uma realidade dalí a cinco anos. Já se passou quase um quarto de século e… ainda estão tentando! Entenda-se: o que se imaginava então eram duas, ou mais pessoas, anexadas a geringonças que lhes permitiriam sensações realistas. Mas, como se sabe, nesse campo ainda estamos num processo híbrido, numa pizza mezzo digital, mezzo analógica. Ainda não existe uma app do coito. Porém, foram feitas tentativas.

Um australiano pagou recentemente US$ 42 mil para ter um tête-à-tête, diante de webcâmeras, ao vivo e em cores. Não será refrega corriqueira, uma mera rapidinha, mas sim toda sorte de atividades durante 60 minutos. Consta do menu: “humilhação suprema nas mãos de uma dominatrix que o transformará em bebê de fralda, garoto cavalo e garoto cachorro”. Entre outras diversões. E, para aqueles que acham ser este um programa “dez cocares”, atente-se para o detalhe: a sádica é ninguém menos do que Maitresse Madeline, considerada a Jezebel do chicote e porcaria via Net.

Maitresse Madeline, a Jezebel do chicote.
Maitresse Madeline, a Jezebel do chicote.

Para mim, por US$ 42 mil é bom que a parceira seja a Scarlett Johansson me cobrindo de muitos carinhos e longe das fraldas, coleiras, arreios e chicote. Se bem que um chicotinho macio pode dar samba. Mas não sou eu quem vai desembolsar o equivalente a um Audi A6 sedan, zerinho. O feliz futuro “bebê de fralda” ganhou o direito a se expor à curiosidade – e talvez inveja – da galera depois de participar de um leilão eletrônico que durou duas semanas. E Madeline não é apenas modelo e executora das judiações, mas também diretora do prestigiado sítio kink.com. O espetáculo com o australiano será usado como promoção de seu novo sítio “Divine Bitches”, dedicado às malvadezas da dominação feminina.

O bafafá seria apenas uma curiosidade promocional não fosse o fato de que shows pornos em webcâmeras faturarem anualmente entre US$ 1.5 e US$ 2.5 bilhões. “As conexões de Internet estão melhorando a cada dia e os clientes querem maior contato com as performers”, diz Peter Acworth – sócio fundador do kink – numa entrevista à salon.com. “Shows particulares, um a um, são muito caros, mas existe muita gente disposta a pagar”, completou o ponógrafo. Faz sentido: ao invés do tradicional mano-a-mano, procuram o cara-a-cara. Mas isso é o que de mais avançado se tem em termos de sexo virtual, ainda que no caso do australiano é preciso ouvir suas impressões sobre a virtualidade da refrega depois de ter levado 35 chibatadas no lombo.

E cá estou eu, 25 anos depois, fazendo uma suíte da matéria sobre sexo virtual. Não, ainda não inventaram o orgasmatron do filme “O Dorminhoco”, de Woody Allen. Nem foi alcançada a tecnologia que permite fazer o “nasty” com um holograma. Estamos ainda na fase do filminho de sacanagem e muito cabelo na mão. Só que agora o preço disso tudo aumentou como se tivesse sob inflação na República do Weimar.


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