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O nazista Heini teve suas correspondências publicadas. Foto Reprodução.

O diário alemão Die Welt publicou uma seleção de cartas pessoais de Heinrich Himmler. Para quem não está ligando o nome ao monstro, o sujeito foi o chefe das tropas SS e um dos idealizadores e, depois, supervisor máximo dos campos de extermínio alemães na II Guerra Mundial. Imagina-se que ele seja responsável direto pela morte de cerca de 6 milhões de judeus e mais outros milhares de ciganos, homossexuais, poloneses, russos, romenos, doentes mentais, testemunhas de Jeová e gente com mais melanina do que um albino. No entanto, acredite, era homem de família. Escrevia constantemente à mulher Marga e aos três filhos.

O resultado dessa correspondência, numa ironia do destino, foi parar nas mãos de um sobrevivente do Holocausto, depois de serem dadas por perdidas por mais de 50 anos. Publicado agora pelo jornal, seu conteúdo também foi transformado em documentário com estréia programada para fevereiro.

Uma das missivas mais marcantes tem como despedida a frase: “Estou de partida para Auschwitz. Beijos. Seu, Heini”. Assim, como quem vai à Polônia inspecionar uma fábrica de utensílios domésticos. Heini não disse em nenhuma de suas cartas o que, especificamente, fazia em suas viagens. Isso apesar de Marga ser, ela própria, uma anti-semita exacerbada. A esposa carinhosa tratava judeus como “escória”. E, com certeza, sabia que o marido foi o principal comandante da famigerada Kristallnach– a noite dos cristais partidos- quando tropas de choque nazistas invadiram, saquearam e quebraram estabelecimentos de propriedade israelita. Mataram, na ocasião, 91 pessoas e prenderam e deportaram mais 30 mil.

O judeu austríaco Dr. Freud, com certeza, teria boas explicações para Heini e Marga se tratarem por “mauzinho” e “mázinha” e se referirem ao ato sexual como “vingança”. As cartas estão repletas de referências a estes apelidos e promessas de vingança impiedosa no leito conjugal depois de uma ou outra viagem de negócios à Monowitz ou Dachau. Estas vinganças, diga-se, também se estendiam ao sofá do escritório ou leitos de trens, hotéis, ou acomodações de oficiais graduados do Reich em Auschwitz. Só que nesses casos a “mázinha” (para viagem) era a secretária Hedwig Potthast, sua amante com quem teve dois filhos ilegítimos. Heini justificou os bastardos para Marga como “o dever reprodutivo do homem ariano”. E não se falou mais disso.

Himmler, pai de família, também se esmerava para prover seu lar. Nas cartas estão anotadas encomendas de chocolates, queijos, vinhos e outros víveres. Numa delas Marga pede uma lata de caviar, antes da invasão da Rússia. Ao que parece Heini não entendeu direito e acabou trazendo o Exército Vermelho à Berlin. Aí sim, teve bastante vingança.


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