É uma ópera? É uma peça?É um musical? É um casamento? Nada disso. A partir do texto de Beaumarchais e das músicas da ópera de Mozart, Daniel Herz, o diretor/realizador , faz uma mistura de gêneros, para encenar esta peça, pela primeira vez, no Brasil. A mistura está no elenco, jovens e estreantes atores como Tiago Herz, ao lado de veteranos como Ernani Moraes; nos figurinos com elementos atuais, como body e tênis, com os clássicos calções bufantes masculinos.
Leandro Castilho, que encarna Figaro, é também o diretor musical. Mais uma vez, mesclar é o elemento que sobressai. E funciona. Os 13 números musicais, criados a partir das composições de Mozart, formam um painel de brasileirice: baião, samba, maracatu. Os instrumentos formam uma orquestra da qual todos os atores participam: do clássico piano à viola caipira e todo tipo de percussão, como os nordestinos triângulo e zabumba.
E no elenco, estreia Tiago Herz, no papel de Querubino, o confuso e ambicioso jovem criado, que fala, com exclusividade à Brasileiros.
A história desse projeto:
A Companhia de Teatro Atores de Laura, montou, em 2010, o espetáculo O Barbeiro de Ervilha, para crianças. Tratava-se de uma adaptação brasileira da ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioacchino Rossini com libreto de Cesare Sterbini baseado na comédia homônima de Beaumarchais. Anos mais tarde, Castilho compartilhou seu desejo de montar a peça sequência de Beaumarchais, As Bodas de Fígaro, para o teatro adulto, com Herz – dessa vez, com as músicas da opera de Mozart. Daniel, há vinte anos, teve esse projeto – na época, ele faria o papel de Querubino, que hoje eu faço. Juntados os desejos recentes com os antigos, o espetáculo aconteceu.
O que é montar um texto do século 18?
R: É afirmar que quando um autor consegue falar sobre o ser humano diretamente para o ser humano a obra se torna eterna e fundamental. É também um exercício fascinante, pois o formato do texto é para um espectador que aguentava ficar no teatro durante quatro horas assistindo à um espetáculo sem mexer no celular e acessar à internet: como conseguir o interesse do público.
O que tem de atual?
R: A peça toca em temas como o desejo; a relação que pessoas com poder exercem sobre outras – dentro de um país em que não se dá prestígio aos políticos, onde paira a impunidade. As músicas também dialogam com estilos musicais mais próximos hoje em dia. É extraordinário o trabalho de Leandro Castilho: o público se vê diante de Mozart e aceita a música com prazer.
O que é trabalhar com um elenco de veteranos?
R: Acredito que o encontro de gerações carrega uma imensa potência criadora. Os veteranos trazem consigo a experiência da trajetória, mistura de talento com tempo, e quando isso é agregado ao frescor e ao querer ilimitado da juventude, o resultado é o melhor que a incompletude do ser humano pode oferecer.
Trabalhar com o pai?
R: A possibilidade de explorar profundamente a relação pai e filho que, a partir de novos diálogos, reinventa uma união dada com o nascimento. Eu o admiro como profissional, homem e pai.
Uma palavra que define ator:
R: Nesse momento, escolho compreensão.
Uma peça:
R: “O Jardim das Cerejeiras”, de Anton Tchekhóv.
Um personagem:
R: Treplev, Konstantin Gavrilovich (“A Gaivota”, de Anton Tchekhóv)
SERVIÇO:
As Bodas de Fígaro
Local: Casa de Cultura Laura Alvim (Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema) – Teatro – Rio de Janeiro/RJ
Telefone para informações: (21) 2332-2016
Horário da bilheteria: terça a sexta, das16h às 21h. Sábado, das 15h às 21h.
Domingo, das 15h às 20h.
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)
Até 08 de fevereiro de 2015.
Dias e horários: Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 20h.
Capacidade: 245 lugares.
Classificação etária: 12 anos.
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