Colm Tóibín declara seu amor a Elisabeth Bishop

Foto: Walter Craveiro/Flip
Foto: Walter Craveiro/Flip

Ele já tinha vindo à Flip em 2004, quando deu uma aula sobre seu conterrâneo mais ilustre: James Joyce. Autor premiado, de romances como O Mestre, sobre Henry James, e O Testamento de Maria, sobre a mãe de Jesus, dessa vez dividiu sua fala em três assuntos centrais: o romance mais recente, Nora Webster; a poeta Elisabeth Bishop, assunto de seu último livro, ainda sem tradução; e homossexualidade.

Sobre o primeiro, meio autobiográfico, com sua mãe como modelo, disse ter buscado deixar ao fundo fatos históricos como as primeiras ações do IRA. Isso para focar nas pequenezas grandes da vida, na luta pela viúva que perde o marido e se vê sem âncora, à deriva, sem saber como sustentar os filhos. Para ilustrar a ideia, lembrou de Fabrício Del Dongo que, em A Cartuxa de Parma de Stendhal, passa pela batalha de Waterloo sem perceber, pois ficara confuso, pensando na namorada.

Bishop
A melancolia não nomeada, insinuada, a dor contida, expressada nas entrelinhas, foi, para ele, a marca maior nos poemas de Bishop. Disse ter demorado dois anos a mais para terminar On Bishop, porque queria ficar mais tempo com ela. E leu o poema “Santarém”, escrito nos Estados Unidos, depois de 15 anos vivendo feliz no Brasil. “Boston matou ela”, disse. “A vida inteira a gente quer estar em outro lugar”.

Já sobre o homossexualismo na literatura, citou James Baldwin, de O Quarto de Giovanni, o poeta Thom Gunn e o Thomas Mann de Morte em Veneza. Curiosamente, ao responder sobre como escrevia, disse não gostar de conforto, que “conforto é ruim para uma boa frase”; para ele é preferível uma cadeira de madeira dura. Pois “escrever é difícil, sofrido”. A despeito disso, Tóibín parece muito bem humorado.


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