Maria Thereza Goulart roubou a cena. Aos 24 anos, a bela primeira-dama, vestida de azul-piscina, merecia mesmo destaque nas fotos do comício da Central do Brasil. Afinal, estava ao lado do último – e principal – orador da noite. Mas, naquela altura, seu nome, sem “h” e com “s”, já tinha inspirado até o compositor Juca Chaves, na música Dona Maria Teresa, uma quase respeitosa sátira aos problemas de abastecimento no País.
Na verdade, Maria Thereza não se interessava por política. No sábado 14 de março de 1964, a foto da primeira-dama estava na primeira página dos jornais, mas aquele tinha sido o primeiro comício de sua vida. Com o presidente pressionado pela esquerda para aprofundar as reformas de base e acusado pela direita de implantar “uma república sindicalista” no Brasil, Maria Thereza decidiu não se afastar do marido em nenhum momento.
A 180 quilômetros do Rio de Janeiro, na cidade mineira de Juiz de Fora, o general Olímpio Mourão Filho nem prestou atenção na primeira-dama. Integrante de uma conspiração civil-militar que começara antes mesmo da posse de João Goulart, em setembro de 1961, o general Mourão Filho ficou enfurecido com o comício, que considerava “um escândalo”.
Convencido de que João Goulart estava articulando para “se proclamar ditador”, Mourão Filho acreditava que passava da hora de apear o presidente do poder. “Os discursos foram violentos e desabusados”, registrou o general em seu diário. “Em última análise, foi o último aviso de Goulart à Nação e ao Congresso. Eles partiriam para um golpe muito breve.”
Confira a música Dona Maria Teresa, de Juca Chaves:
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