Sexta-feira, 13 de março de 1964

O adido militar americano Vernon Walters e o general Humberto Castello Branco.
O adido militar americano Vernon Walters e o general Humberto Castello Branco.

Dois adversários de peso do presidente João Goulart se encontraram enquanto o comício da Central do Brasil reunia pelo menos 150 mil pessoas. Eram eles Vernon Walters, o adido militar da embaixada dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, e o general Humberto Castello Branco, chefe do Estado-Maior do Exército brasileiro.

Walters era uma figura singular. Com 1,90m de altura, destacava-se pela silhueta esbelta e pelo talento com idiomas. Além do inglês nativo, falava fluentemente alemão, espanhol, francês, italiano e português. Ainda se virava em russo e outras línguas menos populares. Não por acaso, operava vinculado a setores de inteligência de seu país.

O general Castello Branco, por sua vez, era um dos mais próximos amigos de Walters no Brasil. Com 1,67m de altura, o general tinha uma estampa atarracada e muita influência no Exército. Walters e Castello Branco se conheciam desde a II Guerra Mundial, quando o americano foi o oficial de ligação entre o Exército de seu país e a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutou contra os nazistas na Itália.

Em outubro de 1962, quando Walters desembarcou como no Rio de Janeiro, 13 generais brasileiros estavam no aeroporto, para dar-lhe as boas-vindas. Todos haviam participado da II Guerra, que foi seguida pela chamada Guerra Fria, com o mundo dividido em dois blocos. De um lado, os países liderados pela União Soviética. Do outro, os países alinhados com os Estados Unidos.

No momento do desembarque de Walters, a Guerra Fria estava no auge. Os Estados Unidos não queriam uma “outra Cuba” no continente americano. Sempre superlativo, Walters temia que o Brasil se tornasse uma “outra China”. Ainda assim, em suas memórias, o militar americano garante que, no Brasil, jamais passou de observador. Mas ele também revela que acompanhou ao lado do general Castello Branco o comício da Central do Brasil.

“Na noite de 13 de março de 1964, eu me encontrava em sua residência, assistindo pela televisão ao comício que Goulart realizava em frente ao Ministério da Guerra. Por toda a parte se viam os emblemas com a foice e o martelo. O tom dos discursos era inflamado. Castello Branco desligou a televisão e disse com ar grave: ‘Este homem quando terminar seu mandato, não vai passar o governo’ ”, escreveu o adido militar americano no Brasil.

 Confira trecho do discurso feito pelo presidente João Goulart no comício da Central do Brasil:

 


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