Enquanto em Paris o estilista italiano Pierre Cardin preparava a Coleção Cosmos, no Brasil a moda feminina andava muito mais discreta. Os vestidos exibiam corte reto, abaixo do joelho. De novidade, só apareceu mesmo a gola “boba”, cortada enviesada, no estilo guardanapo. Na cintura, um cinto simples, que chamavam rolotê, feito do mesmo tecido do vestido.
Para um grupo de mulheres da elite paulista, a moda acabou em segundo plano naquele final de verão. Para elas, o importante era mobilizar o maior número possível de pessoas e dar uma contundente resposta ao comício da Central do Brasil, que havia acontecido na sexta-feira anterior, no Rio de Janeiro. O troco ao presidente João Goulart viria em forma de uma marcha, idealizada pelo deputado Antonio Sílvio Cunha Bueno, do PSD.
Partindo do pressuposto de que o presidente, com suas propostas de reforma e seu “comunismo”, havia ofendido Nossa Senhora Aparecida, o deputado procurou uma religiosa com grande influência e muitos contatos em São Paulo. Era freira Ana de Lourdes, neta do jurista Rui Barbosa, que, nesta segunda-feira, já avançava nos preparativos da marcha.
Na empreitada, a freira Ana de Lourdes contava com total apoio do governo paulista. A ajuda do Departamento de Estado americano se materializava, entre outras formas, na figura do padre Patrick Peyton, conhecido como “pároco de Hollywood”, por ser próximo de estrelas de cinema e fazer uso intenso dos meios de comunicação de massa.
Fundador do movimento Cruzada do Rosário pela Família, padre Peyton tinha feito sucesso durante visita ao Brasil, em 1963. Tornou-se, de imediato, o inspirador da marcha. Com o mundo dividido entre os blocos comunista e capitalista, o religioso foi peça essencial da propaganda dos Estados Unidos. Pregou pelo rosário e contra o comunismo em pelo menos 40 países.
Confira pregação do padre Patrick Peyton na tevê americana:
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