O que foi a apresentação da Não Legião Urbana no programa do Faustão no domingo, dia 13 de março? Foi de arrepiar, de gritar de desespero, ouvir o André Frateschi querendo ser um protótipo de Renato Russo.
Desejar ser quem não somos, não tem mal nenhum, muitos querem. O problema é usar o discurso do outro como seu, de coração, mas de forma distorcida. Isso aconteceu ontem na Rede Globo, quando o apresentador Faustão repetiu inúmeras vezes a importância de a Legião Urbana marcar um retorno (quer dizer, Dado Villa-Lobos disse que não era um retorno, dando a entender que a banda continuara após a morte de Renato Russo, oi?) no dia 13 de março, quando ocorreram as manifestações contra o governo Dilma e o PT, mas quando também aqueles que se manifestaram não souberam dizer quem ocuparia o lugar da presidenta, no caso de ela deixar o governo (assista).
Após cantar Que País É Este, cuja interpretação é recheada de trejeitos, gritinhos e desafinações, Frateschi ressaltou a importância de cantar a música (que talvez ele não compreenda direito o conteúdo) no 13 de março, “apesar de tudo, apesar de tudo” disse, completando fala do apresentador e fazendo alusão às manifestações contrárias ao governo federal. “Dia 13 de março, tinha que ser”, gritava Faustão, como se o trabalho de Renato Russo fosse direcionado ao PT.
É compreensível (talvez) que cantar no lugar de um cara feito Renato Russo, em um dos horários nobres da Rede Globo, com elogios do Faustão e com hits entoados pela plateia seja algo que mexa com os nervos, mas daí a misturar as bolas e a ordem hierárquica de quem é quem, quando e por que, não pega nada bem.
Dica: se a Não Legião Urbana, que cantou Que País é Este sem conseguir emitir nenhum comentário político razoável na homenagem de 30 anos do grupo, cujo líder era superpolitizado, de duas, uma: ou colocam playback e posam de bonequinhos, ou escolham outra música para brincar de famosos no Faustão.
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