Golpe militar ensinou o valor da democracia para o Brasil, diz Boris Fausto

Boris Fausto - Foto: Walter Craveiro/Flip
Boris Fausto – Foto: Walter Craveiro/Flip

A carreira do historiador Boris Fausto é marcada pelos seus livros sobre a história do Brasil (A Revolução de 1930 e Getúlio Vargas – O poder e o sorriso) e os recentes livros memorialísticos (Memórias de um historiador de domingo e Negócios e ócios). Sua mesa na Flip 2015 seguiu este caminho, com alguns desvios para temas pessoais.

Boris começou contando um pouco sobre os bastidores do seu livro mais recente, O Brilho do Bronze (Cosac Naify), diário escrito após a morte da esposa. O texto, que nasceu primeiro como um exercício que não seria publicado, foi ganhando incentivo a medida que ele ia mostrando para amigos, para logo depois começar a ser pensando como texto que iria além dos familiares e amigos mais próximos. A definição em publicar os diários acabou reforçando uma ideia que o historiador sempre teve sobre o trabalho de escrever: “Eu nunca tive a experiência de escrever algo para colocar na gaveta, é muito esforço trabalhar tanto para guardar”. 

Sobre São Paulo, tema que permeia todas as mesas da Flip deste ano por conta do homenageado Mário de Andrade, revelou uma relação de amor e ódio, brincando que costuma defender a cidade só quando alguém de fora resolve falar mal dela. Chega até a defender a poluição nessas horas. 

Quando chegou a vez das perguntas da plateia, uma questão difícil: qual momento da história brasileira do século XX tem maior reflexo nos dias de hoje? “Deve ter sido alguma ‘amiga’ minha que mandou essa pergunta”, brincou o historiador, que resolveu escolher o golpe de 64 como o tal momento, passando longe de apoiar o terror daqueles anos: “Com a outra face, o golpe nos fez perceber a importância da democracia, a busca por ela”. 

Falando do momento recente político do país, “mas só porque perguntaram”, reconheceu a mudança que foi a chegada do PT ao poder, mas fez suas ressalvas, especialmente aos escândalos de corrupção e a política econômica que levou o país a um ciclo recessivo. Ao mesmo tempo, não poupou a oposição. “A oposição vai mal, obrigado”, comentou antes de afirmar que faltou coragem da oposição em assumir suas posição e manter alguma coerência.


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