Leonardo Padura: “EUA e Cuba estão dando exemplo de diálogo”

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Os jornalistas que foram à coletiva do escritor cubano Leonardo Padura, nesta quinta-feira (2), em Paraty, onde acontece a Flip, prontos para perguntar sobre o anúncio da abertura da embaixada norte-americana em Cuba, ficaram sem a tal pergunta logo de cara. Padura abriu a coletiva comentando o assunto, dando a deixa para quem queria falar de literatura.

“Não estava em Washington com Obama, nem em Cuba com Raúl Castro, nem na minha casa. Me informei pelo noticiário. Sei mais ou menos o que vocês sabem. Tenho minha opinião, mas não tenho informações que vocês não saibam”, disse o autor, antes de afirmar que está otimista com o futuro da ilha e impactado pelo caráter simbólico de ver a bandeira norte-americana hasteada em território cubano. “Nunca imaginei que veria isso”, comentou.

Padura também afirmou que fica feliz em ver os Estados Unidos e Cuba darem um exemplo para o mundo ao dialogarem sem abrir mão dos seus posicionamentos políticos. “O mundo precisa de muitos diálogos”, disse.

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Finalmente falando apenas do que gostaria, Padura reforçou que um autor precisa fazem bem seu trabalho antes de querer se envolver em outras questões, como a política, por exemplo. Disse que sua prioridade é a literatura e, ao escrever sobre a vida em Cuba, “criar no presente a memória que o futuro terá”, dado que traz em seus textos algumas informações que escapam dos jornais cubanos, ainda presos ao oficialismo.

Mas focar no trabalho nem sempre é fácil, segundo o autor, que com o aumento da sua popularidade, diz ter cada vez menos tempo para escrever – o volume de entrevistas, premiações e eventos de divulgação só aumenta. Ao mesmo tempo, relevou grande alegria de ver seu trabalho finalmente bem divulgado no Brasil, especialmente após o lançamento de O Homem que Amava os Cachorros, pela Boitempo Editoral.

Sobre literatura brasileira admitiu que não tem conhecimento profundo, mas leu os clássicos – Machado de Assis, Guimarães Rosa e Jorge Amado. Um livro favorito? Agosto de Rubem Fonseca, autor que Padura vê como grande exemplo da possibilidade de transformar o romance policial também um grande romance em si. Para o escritor cubano, nenhum gênero é maior que o outro. Tudo depende do trabalho do escritor. 

Com isso, Padura aproveitou para contar um causo: em um bate-papo com Fonseca, fez o o autor brasileiro cair na gargalhada. Um momento raro. Questionado sobre como conseguiu o feito, alertou: “Só conversei com ele, não pedi uma entrevista”.

Na Flip, Leonardo Padura participa da mesa De Frente Para o Crime, ao lado da autora inglesa Sophie Hannah, no domingo (5).


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