A mais carioca das Cariocas

A OSB – Orquestra Sinfônica Brasileira é uma instituição de 75 anos de idade, mas com o fôlego e a graça da idade de qualquer das garotas de Ipanema. Chama-se  brasileira, mas é carioca da gema. E como todo  local que se preza, tonr irmão os  “estrangeiros”que abraça.  Faz isso regularmente, convidando maestros, cantores, músicos que se inspiram na cidade.

Entre  esses cariocas de adoção, os mais cariocas de todos são os de Juiz De Fora(MG).  Ao poeta Affonso Romano de Sant’anna, ao carioquérrimo Fernando Gabeira, junta-se o jovem cravista e  maestro Bruno Procópio. Nascido na cidade mineira, o maestro encontra nossa sabores do Rio, inclusive os musicais, a inspiração para o Concerto Comemorativo dos 450 anos da  cidade, que acontece 4 de abril, às 16h, na Cidade das Artes,

com obras clássicas do Rio do século XIX. São peças de compositores que, de alguma forma, marcaram o desenvolvimento da música de concerto na cidade do Rio. Alguns estrangeiros, mas cariocas de adoção.

E resolvemos entender de onde vem tanta paixão. Aqui, responde o Maestro Bruno Procópio.

Você rege no próximo dia 4 de abril um concerto com a OSB que compõe a série Rio 450 anos, criada em homenagem ao aniversário do Rio e que traz em seu repertório obras e compositores que de alguma forma foram ou são influenciados pela cidade. Como essa influência carioca se manifesta em você?

Primeiramente, a música escolhida para este programa representa em meu parecer o momento áureo da música carioca no século 19, neste momento a Capela Real sob o comando do José Maurício Nunes Garcia e Marcos Portugal é formada pelos melhores cantores e instrumentistas que vieram da Europa. 

Minha carioquice é bem mais antiga, a música de José Maurício Nunes Garcia, S. Neukomm e Marcos Portugal fazem parte do meu cotidiano musical há décadas. Esta música criada no Rio no começo do século 19, durante a presença da corte portuguesa é uma das minhas paixões. Tive a oportunidade de reger a ópera o Ouro não compra Amor, do Marcos Portugal, em 2011, com a OSB, no Teatro Municipal e foi para mim uma grande realização. Gravei dois discos dedicados a este compositor luso-brasileiro. 

No repertório do concerto predomina-se obras do período clássico e pré-romântico e com temática religiosa. Qual delas você destacaria para o público e por quê?

Todas as peças cantadas serão do repertório Sacro, no entanto o que dominará o concerto será a execução, pela primeira vez no Brasil, ao que tudo indica, da Sinfonia com 17 partes, do Gossec, e a Sinfonia Heróica, do Neukomm, escrita no Rio em 1817, obra que não foi executada no Rio nem mesmo em sua criação. 

Você é cravista e um grande conhecedor da música do período clássico/pré-romântico. Quais os maiores legados (p.ex. compositores, obras, estrutura ou forma de composição) que você destacaria deste período para a música sinfônica brasileira? Algumas das obras selecionadas para o concerto com a OSB estão entre eles?

Grandes obras Sacras foram escritas no Rio no começo do século 19. José Maurício e Marcos Portugal escreveram obras monumentais que se encontram em forma ainda manuscrita nas Bibliotecas da Ajuda e Torre do Tombo, em Lisboa. No entanto, pouca música sinfônica foi escrita no Rio, a Sinfonia Heróica é o melhor exemplo a ser mostrado! 

 E a plateia ainda tem mais um presente: Gabriella Pace , a soprano, que no ritmo do doce balanço completa o concerto, pois o programa é lindo com as calçadas de pedra protuguesa. 

Concerto série Rio 450 anos.

4 de abril, sábado, às 16h

OSB

Bruno Procopio – regente
Gabriella Pace – soprano
François-Joseph Gossec – Grande Sinfonia para 17 instrumentos
Marcos Portugal – Missa Grande | Laudamus Te
Sigismund Von Neukomm – Missa Solene | Quoniam    
José Mauricio Nunes Garcia – Missa de Santa Cecília | Laudamus Te
Sigismund Von Neukomm: Grande Sinfonia Heróica, Op.19


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