Número 1 – O que é obrigatório ver: musical classic

Se só temos um dia em New York ou se o orçamento está apertado com essa alta enlouquecida  do dólar, o que se tem que ver na Broadway é um musical classic. Autor americano, ballet primoroso, mudanças féericas de cenário e música . Ah! a música, aquela  que enche nossas almas. Nessa temporada, todas as fichas caíram  em An American in Paris.

An American in Paris não  é originariamente um espetáculo teatral, mas  é a adaptação do premiado filme de Vicente Minelli  ( 6 Oscars, inclusive melhor filme) com o score musical de George Gershwin, no qual o irmão Ira e Saul  Chaplin colocaram a letra e transformaram as canções  nas  mais belas e marcantes do século passado. Estão lá  I Got Rhythm, S’Wonderful, Take That Away From Me e a esplêndida It’s my Man.

Um musical clássico sempre  conta uma história de amor, geralmente linear, com o fio narrativo  centrado nos episódios de separação e/ou impossibilidade até o arrebatador final feliz. Dois G.Is pobretões  e com um aparente talento resolvem ficar em Paris e explodir como artistas. O protagonista Jerry Mulligan é pintor e seu amigo  Adam é compositor. E existe um terceiro, Henry,  um francês aristocrata que quer se cantor de jazz. Henry  convida o músico para fazer o score de um ballet.  Lá os dois americanos se apaixonam por Lise, a primeira bailarina, enquanto a patrocinadora americana Milo se apaixona por Jerry.

Entre os encontros escondidos de Jerry e Lise na Pont Neuf e o desenvolvimento do ballet, vão correndo as canções,  as coreografias, as meio revelações. Os passados são contados e os futuros com as piores perspectivas. Até que, de repente tudo se encaixa. Jerry fica com Lise, Milo com Henry e o final feliz é mais um episódio de uma sucessão de acertos.

Entre o grande acerto de An American in Paris está em se centrar na base dos  grandes musicais que é o equilíbrio  absolutamente  perfeiro entre a qualidade musical  das canções e a  técnica, emoção e força dos números coreográficos. E esse equilíbrio é o que falta ao gênero de musical brasileiro.

A dança é tão visceral que os dois protagonistas Robert Fairchild  como Jerry Mulligan, Leanne Cope como Lise Dassin são respectivamente primeiros bailarinos do New York City Ballet e do Royal Ballet. Mais outro facilitador é que da formação de bailarinos faz parte  aprender a cantar e interpretar  e, por isso,  se adequam tão perfeitamente a qualquer papel. O famoso pas de deux de 16 minutos do filme, interpretado por  Gene Kelly e Leslie  Caron na magnifica coreografia de Jerome Robbins, aqui  é recoreografado com o mesmo encanto por  Christopher Wheeldon, também diretor.

Os figurinos  e os cenários de Bob Crowley são parte integrante de um moldaura  que  ao mesmo tempo revive  um passado de sonho e dá um tom de um quadro impressionista.  É uma rendição poética à Paris com barcos flutuando no Sena inundado de luz das estrelas, nuvens cor de rosa sobre os telhados ao anoitecer. Assim como os figurinos ficam mais brilhantes, mais coloridos quando a ação começa a se distanciar do tempo da ocupação nazista.

Absoluta coerência. A proposta é entreter, encantar, fazer com que se batam os pezinhos, se cantarole mentalmente as músicas, se aplauda até as mãos doerem. E nisso An American in Paris é uma festa com os melhores salgadinhos, bebidas, convidados. E até a saída  para a multidão o atroz se torna leve. I’ve got rhytm é o que importa.

Serviço:
Palace Theatre                                                

Elenco: Robert Fairchild as Jerry Mulligan, Leanne Cope as Lise Dassin, Veanne Cox as Madame Baurel, Jill Paice as Milo Davenport, Brandon Uranowitz as Adam Hochberg and Max Von Essen as Henri Baurel

Duração: 2 horas e 30 minutos com 15 de intervalo


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