O Funeral de Trump

Foto: Reprodução/YouTube
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Já se anunciam os ritos funerários da candidatura de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos. Há duas semanas e meia o vem se debatendo com uma avalanche de escândalos que colocaram seus índices nas pesquisas nos patamares mais baixos em toda a campanha. Uma apresentação bizarra no primeiro debate presidencial, seguida de uma barragem de ofensas a uma ex-Miss Universo importunada por ele por ter ganhado uns quilinhos a mais. Segui-se a isso a divulgação de vídeo e áudio onde o magnata relata cruamente como assedia mulheres. Esta revelação provocou pânico e debandada de apoiadores republicanos candidatos a cargos legislativos. Finalmente veio a publicação de testemunhos de várias mulheres alegando que foram atacadas sexualmente pelo candidato.

    As pesquisas indicam que, depois disso, Hillary Clinton lidera seu rival com diferenças entre 8 a 11 pontos. Nunca na história americana um candidato com este nível de desvantagem foi capaz de se recuperar a vencer a corrida. Esta coluna teima em dizer que as eleições americanas não são favas contadas. As pesquisas são como birutas em aeroporto e apontam para vários quadrantes mudando todo o tempo. Lembre-se que no Reino Unido diziam que o plebiscito sobre o divórcio com a União Europeia aprovaria o status quo, com uma diferença entre 4% e 5%. Deu no chamado Brexit, com a saída. Na Colômbia, o plebiscito para a aprovação do acordo de paz entre o governo e a guerrilha frustrou expectativas com a reprovação ao arranjo.

    Pesquisas parecem não colher opiniões de gente recolhida em grotões insuspeitados. Aquela multidão que não votou nas últimas quatro eleições e, portanto, não são considerados votantes confiáveis. De 10 americanos, apenas seis costumam ir às urnas. Mas com uma candidatura tão atípica como a de Trump, não se sabe ao certo quem irá comparecer no dia 8 de novembro. Ou seja: não comecem a ascender as velas junto ao caixão republicano.

    Caso a derrocada do milionário nova-iorquino de confirme, ainda existe a imensa incógnita da composição do Legislativo. Os republicanos lutam para manter a maioria nas duas Câmaras. O Senado era a grande esperança de ganhos para os Democratas. Agora, com o caos gerado por Trump, até mesmo a Câmara dos Representantes se tornou ameaça aos majoritários republicanos. Esta coluna não crê nessa possibilidade de reversão. Os democratas até podem pegar o Senado- o que também é uma grande dúvida-, mas seus deputados não serão maioria em 2017. As próprias pesquisas favoráveis à Hillary mostram que está muito difícil fazer a reversão total no Congresso.

    E quem não em maioria no Legislativo governa aos trancos e barrancos. Veja o caso do atual presidente Barack Obama, que teve sua plataforma de medidas impiedosamente boicotada pelos republicanos. Arrisca-se, num governo Clinton, uma repetição do que se viu com Obama. Só quem controla o Congresso tem realmente mandato para governar.


Comments

Uma resposta para “O Funeral de Trump”

  1. Avatar de Simon Salama
    Simon Salama

    Repitam isso mil vezes até acreditarem kkkkk

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