Nessa altura da campanha presidencial americana nem mesmo Donald Trump acredita que vencerá a disputa. Não importa o que ele diz nos comícios, onde cita pesquisas falsas sobre sua vantagem nas preferencias de eleitores. Cada vez mais o candidato também vocifera que o pleito será fraudado, numa antecipação daquilo que usará como desculpa para o fracasso. Mas essa tese, falsa, visa outro objetivo: o futuro do milionário nova-iorquino e do movimento que criou.
Esta coluna, diga-se, continua acreditando que estas eleições serão mais apertadas do que indicam as pesquisas. Os números divulgados pelos institutos verificadores de opiniões estão em todos os quadrantes. Tanto apontam Hillary Clinton com 19 pontos de vantagem sobre seu rival, quanto mostram uma diferença de apenas 3% a favor da democrata (bem dentro da margem de erro). Porém, como se disse aqui anteriormente, o que vale é a média das pesquisas em geral. Estas mostram algo em torno de 6% de desvantagem para Trump.
Caso estes números se confirmem, o que acontecerá com Donald e seus fiéis apoiadores? O republicano tem dado várias indicações de que não aceitará a vitória da concorrente. Trata-se de uma grave exceção na história da democracia americana (a única outra vez que isso ocorreu o resultado foi a guerra civil, em 1861). Um faux pas capaz de criar um desequilíbrio no sistema político e, mais, gerar violência. Alguns trompetistas já falam em pegar em armas. Programam-se marchas sobre Washington e no Legislativo começam a se preparar novas investigações sobre o passado de Hillary com o objetivo de tentativas de impeachment.
Para Donald esta pode ser a saída para tentar aliviar seu fracasso. Continuar na crista da onda do movimento que inspirou, tornar-se uma terceira força na política americana, ou mesmo tomar de assalto o que restou do fragmentado Partido Republicano.
As organizações Trump enfrentam hoje uma hemorragia nos lucros. Tanto que a 14 dias da abertura das urnas ele cavou espaço em sua agenda para promover comercialmente seu campo de golfe e resort Trump National Doral, em Miami e, no dia seguinte, reinaugurar seu mais recente empreendimento Trump International Wasshington, DC. As reservas em ambas as casas minguaram de modo abismal. As linhas de confecções Trump e Ivanka (sua filha) também estão dando prejuízos, com lojas importantes, como a cadeia Macys, negando-se a colocar os itens dessas marcas em suas prateleiras. Na fileira de prédios de luxo (dizem que é o verdadeiro muro de Trump) em Riverside Boulevard, em Manhattan, os residentes fazem petições para que seja retirado o nome Trump daquelas propriedades. Algumas delas já completaram a mudança. O balancete do império mergulha num mar vermelho.
Deste modo, restaria ao Donald sair dos restaurantes luxuosos Trump e adentar de vez no McDonalds. Trocar o caviar pelo cachorro quente. Como líder das massas desvalidas ele teria a proeminência desejada por seu ego e bolso. Conta com o apoio logístico das franjas mais radicais da extrema direita que entraram em massa em sua campanha. Estes encontraram no candidato republicano a chave para penetrar nas vias oficiais da política americana. Algo semelhante ao que fizeram Adolf Hitler e Benito Mussolini. Haverá quem repita o chavão de que a história somente se repete como farsa. Há dúvidas sobre a validade desta afirmação do filósofo alemão Karl Marx. Mas é importante relembrar que ele declarou antes que a história se repete primeiramente como tragédia.
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