O realismo é um bom começo

Em meio aos balagandans do Carnaval brasileiro, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, reuniu-se com investidores e analistas em Nova York (EUA), e traçou um cenário bem realista da economia brasileira.

Disse que o PIB deve ter caído no ano passado e que 2015 será um ano difícil, de desafios. Evidentemente, voltou a entoar o mantra de que os impostos não vão subir, mas haverá ajustes em algumas distorções. E insistiu que o governo está sendo rigoroso na área dos gastos públicos – o que o mercado ainda não vê claramente.

Comprometeu-se a cumprir um superávit primário (receitas, menos despesas, antes do pagamento dos juros) de 1,2% neste ano “sem fazer cortes draconianos”.

O ministro aproveitou a oportunidade para se reunir com representantes da agência de classificação de riscos Moody´s. O maior temor atual do governo é que o País perca seu grau de investimento – nota de bom pagador para os credores.

Se houve uma qualidade em Levy, ao menos neste encontro, foi o realismo e a transparência. Há anos, o mercado não confiava nas previsões governamentais sobre o crescimento do PIB, que invariavelmente começavam lá em cima e infelizmente encerravam o ano bem aquém das expectativas.

Em tempos de dificuldades políticas no Congresso, o ministro mandou bem. Deixou seu recado. E, ao menos por ora, o País não sofre fuga de capitais. Ao contrário, têm entrado mais dólares do que saído. A moeda sobe por especulação, por insegurança sobre o rumo da economia interna e pelo temor com desfecho da negociação da Grécia com a Troika.

Pode parecer apenas um feeling, mas o Brasil acalmou-se um pouco durante o Carnaval. Que este astral perdure, porque em economia a palavra-chave é confiança. O resto tende a se ajeitar.


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