Famosos por surpreender, os eleitores da cidade de São Paulo se superaram nas eleições de outubro de 1959, quando 450 candidatos disputaram 45 cadeiras na Câmara dos Vereadores. Naquele tempo, não havia urna eletrônica. Com 15% dos votos, o rinoceronte Cacareco foi o nome mais registrado nas cédulas eleitorais.
O rinoceronte estava na cidade desde o ano anterior, emprestado pelo Rio de Janeiro, para o zoológico construído no bairro da Água Funda. Cacareco fez tanto sucesso que, já na inauguração do zoo, o então governador Jânio Quadros brincou, dizendo que ele seria um “forte candidato aos Campos Elíseos”, referindo-se à sede do governo estadual. Uma fábrica de brinquedos fez até um boneco com a imagem dele.
Nas eleições, em vez de Campos Elíseos, deu Palacete Prates, à época sede da Câmara Municipal. Num momento em que Jânio Quadros e Adhemar de Barros se digladiavam pela hegemonia da política paulista e sobravam denúncias de corrupção, 100 mil eleitores optaram pelo voto de protesto. “Cansados de teleco-teco, vamos votar em Cacareco”, chegaram a escrever na cédula.
Com “candidatura” atribuída ao jornalista Itaborahy Martins, Cacareco ganhou, mas não assumiu. Dois dias antes das eleições, o rinoceronte tinha sido devolvido para o zoológico do Rio de Janeiro. Ainda assim, a vitória animal repercutiu até fora do Brasil. “É melhor eleger um rinoceronte do que um asno”, publicou a revista americana Time, citando um eleitor não identificado.
No ano seguinte, o rinoceronte ainda inspirou a marchinha Cacareco é o Maior, gravada por Risadinha. Ouça aqui
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