Os fiéis republicanos rezavam fervorosamente pela ressurreição de Donald Trump. O fenômeno deveria acontecer no terceiro dia de debates entre os candidatos à Presidência americana. Na quarta-feira, 20, em Las Vegas, os rivais trocaram golpes. Hillary Clinton vinha com vantagem de ter vencido os dois rounds anteriores. A democrata estava até aquele momento com 6.5 pontos de vantagem na média das pesquisas nacionais. E o que se viu não foi um Lázaro republicano, mas um homem que caiu num buraco e continuou a cavar mais fundo.
Dando prosseguimento à absurda teoria de que o pleito americano está sendo manipulado para uma enorme fraude que lhe negaria vitória, Donald recusou-se a afirmar que reconheceria os resultados das eleições, caso perdesse. Esta teimosia fere gravemente os brios americanos, sempre orgulhosos de sua democracia. E mais: vai contra a realidade. Por serem ultra descentralizadas as eleições nos Estados Unidos dificultam, quase ao ponto da impossibilidade, uma ação fraudulenta nas urnas. Até mesmo Al Gore, que venceu nos votos diretos as eleições de 2000 e as perdeu para George W. Bush no tapetão da Suprema Corte, concedeu a vitória ao oponente. As teorias conspiratórias da extrema-direita do país invadiram os discursos do republicano e estão causando revolta. Tanto daqueles que sabem da falsidade da tese, quanto naqueles que acreditam nela. Há um medo genuíno de que a violência ocorra em vários cantões de fiéis trumpetitas.
Ao insistir na tese, mesmo durante o debate, Donald foi soterrado por críticas até mesmo de vários republicanos tradicionais. Hillary tirou da bolsa uma resposta tanto sarcástica quanto verdadeira: Ele também insistia que as premiações do Emmy- o Oscar da televisão americana- eram fraudulentas, pois nunca lhe deram uma estatueta pelo seu programa The Aprendice. O problema é que Trump nunca pode ser o perdedor. Deve sempre vencer.
Mas na grande disputa de sua vida, com ou sem queixumes, já está pintando um grande letreiro com a palavra Loser. Porém, e sempre tem um porém, existem curiosidades nas pesquisas que dão certo alento aos mais ferozes apoiadores do republicano. Por exemplo: 46% de americanos pesquisados dizem acreditar que as eleições serão fraudadas. No entanto, nas pesquisas sobre intenções de votos Trump só tem média de 34% de preferências. Ou seja: é de se imaginar que 46% das pessoas que acreditam em maracutaia sejam também apoiadores do republicano, mas apenas 34% dizem isso abertamente. Pode ser que os institutos de pesquisas não estejam computando muita gente que irá às urnas no dia 8 de novembro para cravar o nome do nova-iorquino. Caso isso ocorra a ressurreição de Trump enterrará a indústria das pesquisas nos Estados Unidos. Milagres, às vezes, acontecem.
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