Uma aula de história do Brasil no meio da Flip

A mesa “Brasil: uma aula”, com as autoras do livro Brasil: Uma biografia, Heloísa M. Starling e Lilia M. Schwarcz, cumpriu o prometido e inovou no formato para uma mesa Flip – a aula teve direito a púlpito e série de slides. O tom foi dado pelo curador Paulo Werneck, que agradeceu a todos que não cabularam a aula. 

No aula, Lilia e Heloísa colocaram em prática o entrosamento de dupla bem-humorada que já apresentaram em entrevistas. Cada uma tratou de uma linha de permanência na história brasileira.

Lilia falou sobre escravidão e seu processo tortuoso, que resultou nas raízes que hoje “mantém um racismo dissimulado” na cultura e na linguagem do País. Sua fala buscou desmistificar algumas histórias que prejudicam a leitura de muitos sobre o que foi a escravidão. Primeiro: ela não foi branda por aqui, os escravos tinham expectativa de vida de 25 anos. Segundo: os escravos não aceitaram cordialmente sua condição. A resposta era forte, os quilombos eram imensos e simbolizavam a luta por inclusão social. 

Já Heloísa abordou como a luta por liberdade mudou no País ao longo do tempo – passando pela luta contra Portugal no período colonial, a luta por mais cidadania após a independência, o combate contra a ditadura e o período da redemocratização. Em sua análise, junho de 2013 marcou o fim deste último período. Para Heloísa, agora temos uma democracia solidificada, “só” precisamos aperfeiçoar ela ao máximo. Em outras palavras, tirar a República do rascunho e entrar na briga para acabar com o patrimonialismo e a corrupção, males que derrubam o republicanismo. 

O final da mesa não poderia ser outro: o Hino Nacional. Mas no caso, o hino é o poema de Drummond, que casou muito bem com os questionamentos levantados pela dupla. Parte da plateia aplaudiu as escritoras de pé. 

Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?


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