Criado há dois anos como o objetivo de promover o diálogo nas artes cênicas entre o Brasil e outros países, o Festival Dois Pontos chega à sua segunda edição apresentando a partir de sexta-feira (13), em seis teatros da rede municipal do Rio, além do Galpão Gamboa, na zona portuária, um recorte da cena contemporânea argentina. Até o próximo dia 29, serão encenadas oito peças do país vizinho, duas delas estreias mundiais, além de duas produções brasileiras, uma mostra de esquetes, três residências que resultarão em apresentações no festival, quatro shows e um espetáculo de dança.
Em sua primeira edição, em abril de 2013, o Festival Dois Pontos promoveu o intercâmbio cultural entre o Brasil e Portugal. Parte da programação do Ano de Portugal no Brasil, o evento conseguiu levar às salas da rede municipal cerca de 4.500 espectadores.
A idealização e a direção do festival resultam da parceria das seis ocupações artísticas – Ágora, Câmbio, Os Ciclomáticos, No Lugar, Projeto_ENTRE e Vem!. Esses coletivos de artistas e produtores são responsáveis pela gestão dos teatros Espaço Sérgio Porto, Café Pequeno, Gonzaguinha, Ipanema, Maria Clara Machado e Ziembinski, todos da rede da prefeitura carioca.
“As atrações selecionadas para o Festival Dois Pontos foram pensadas para cada um desses espaços. São produções que dialogam com a proposta da residência artística”, explica uma das coordenadoras do evento, Marta Vieira. A escolha da Argentina para esta segunda edição do intercâmbio levou em conta a importância que esse país ocupa nas artes cênicas em todo o mundo. “Só na capital, Buenos Aires, existem mais de 150 salas de teatro e 400 peças em cartaz”, destaca André Vieira, outro coordenador do festival.
Entre os oito espetáculos da nova cena argentina, Constanza Muere, com texto e direção do jovem dramaturgo Ariel Farace, e Capitán, criação de Agustín Mendilaharzu e Walter Jakob, em parceria com a companhia Timbre 4, são estreias mundiais. Os dois espetáculos têm um ponto em comum: abordam temas como a velhice, o declínio da vitalidade e a solidão.
As produções brasileiras que serão apresentadas no festival dialogam com dois autores argentinos: o romancista e contista Julio Cortázar e a poetisa Alfonsina Storni. Idealizado pelo músico Roberto Rutigliano, O perseguidor – um tributo a Julio Cortázar e Charlie Parker reúne música e leitura em uma homenagem ao escritor argentino e ao saxofonista americano Charlie Parker.
Vestida de mar, escrito e dirigido pelo mineiro Ricardo César, conta a história de Alfonsina Storni, ícone da poesia argentina, que suicidou-se aos 46 anos, jogando-se no mar. A poetisa é vivida na peça pela atriz brasiliense Gelly Saigg.
Também têm forte ligação com o país vizinho os três projetos de residência selecionados para o festival. Dois deles serão no Teatro Gonzaguinha, promovidos pela ocupação artística Vem! Em Flutuando, o diretor argentino Norberto Presta cria um trabalho inédito em que atores brasileiros constroem a dramaturgia a partir de suas vivências e memórias físicas sobre a água ou sua ausência. A residência Cia Provisória# 5 – Madrigal em Filmagem tem como base textos de Cortázar e de outro escritor argentino, Adolfo Bioy Casares.
Todos os espetáculos têm preço único de R$ 10 e as montagens argentinas contam com legendas eletrônicas em português. A programação completa e os endereços das salas estão disponíveis no site.
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