Hector Babenco sobre “Meu amigo hindu”: ‘É uma declaração de amor ao cinema”

Foto: Manuela Azenha
Diretor Hector Babenco com o elenco do filme “Meu amigo hindu”. Foto: Manuela Azenha

O diretor argentino Hector Babenco não gosta de dizer que seu último filme, Meu amigo hindu, é autobiográfico.  Tampouco um caso de superação. O longa, que conta a história de Diego, um famoso diretor de cinema que sobrevive a um câncer, seria uma declaração veemente de amor ao cinema.

Babenco também foi vítima de um câncer linfático nos anos 90, curado após um transplante de medula. “Há uma biografia escondida ali, mas não escrevi o filme com a ideia de falar: ‘Olha só o que aconteceu comigo’”.  O longa abriu a 39ª Mostra de São Paulo e será lançado nos cinemas no dia 3 de março.

Após receber a notícia de que teria que optar entre um arriscado transplante de medula ou a provável morte em poucos meses, o personagem central, interpretado por Willem Dafoe, vive não só as dificuldades da doença, mas também as crises no casamento e na tentativa de voltar à vida normal após meses de internação e tratamento. O amor pelo cinema é um fator essencial para o personagem conseguir superar o período difícil. Maria Fernanda Cândido, Reynaldo Gianecchini e Selton Mello são alguns dos brasileiros que completam o elenco.

Para o cineasta Arnaldo Jabor, presente na pré-estreia, o longa vai na contra-mão do que tem sido produzido no cinema brasileiro. “É um filme de autor. No Brasil, a palavra ‘arte’ foi banida do cinema. Aqui são feitas cópias do que é produzido nos Estados Unidos – aquelas comédias românticas medíocres”.  

Babenco diz ter construído o filme do fim para o começo: “Eu só tinha a cena final pronta. Uma mulher dançando nua na chuva”, interpretada por sua ex-mulher e atriz, Barbara Paz. “O filme vai do escuro para a luz. Ele começa recebendo uma declaração de morte e no fim uma de alegria, espontaneidade, leveza”. Segundo a atriz, a cena aconteceu na vida real do casal. Estavam na praia, Babenco se sentia febril, e Barbara dançou durante uma hora e meia na chuva para animá-lo. Após a apresentação, o diretor disse que já teria o final de seu próximo filme.

O longa se passa em São Paulo, com o elenco quase todo formado por brasileiros, mas é falado em inglês. Isso porque Babenco não conseguiu um ator brasileiro para fazer o papel principal. Depois de assistir à peça Old woman – a velha, estrelada por Dafoe, convidou o ator americano para um jantar e acertaram que seria ele a assumir o papel.  Por isso, teve de fazer todo o filme em inglês. Uma versão dublada em português, na qual os atores dublam a si mesmos, também será lançada.


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