Oscar Niemeyer morre aos 104 anos

Foto Reprodução/Márcio Mercante

Um dos mais importantes arquitetos do século 20 e um dos brasileiros mais conhecidos no mundo, Oscar Niemeyer morreu nesta quarta-feira, dia 5, aos 104 anos. Atuante até os últimos meses de vida, o arquiteto estava internado no no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, desde o dia 6 de novembro.

Modernista, revolucionário em seus traços livres, pioneiro na exploração das possibilidades construtivas do concreto armado, autor do projeto de Brasília e defensor incansável do comunismo, Niemeyer deixa uma trajetória que se entrelaça com a história do Brasil do último século.

Início da carreira
Atuante desde os anos 1930, quando entrou em contato com Lúcio Costa e Le Corbusier, o arquiteto carioca passou a desenvolver estilo mais particular a partir dos anos 1940. Seus traços não convencionais, com formas pouco utilizadas na arquitetura até então, foram tomando corpo em obras como o Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte, e a sede da ONU, em Nova York.

Na década de 1950, outros grandes projetos consolidaram Niemeyer como um dos grandes nomes da arquitetura modernista no mundo. Em São Paulo, projetou o mais importante parque da cidade, o Ibirapuera (inaugurado em 1954), além do consagrado edifício Copan, na região central.

Brasília e exílio
Em 1956, Niemeyer foi convidado para dar forma ao mais ambicioso projeto do presidente Juscelino Kubitschek: deveria desenhar, ao lado de Lucio Costa, a nova capital federal, Brasília. Inaugurada em 1960, a cidade abriga algumas das obras mais célebres de Niemeyer, como os palácios da Alvorada e do Itamaraty.

Com o golpe militar de 1964, a opção política comunista do arquiteto lhe custou caro, e sua vida no Brasil se tornou difícil. A revista Módulo, fundada em 1955 e dirigida por Niemeyer, teve sua sede destruída em 1965 e fechou. O escritório do arquiteto também foi saqueado e seus projetos passaram a ser recusados sistematicamente.

Após se demitir da Universidade de Brasília, o arquiteto se mudou para Paris em 1966, onde construiu a sede do Partido Comunista Francês. Nos anos seguintes, até o fim da década de 1970, teve trabalhos construídos também na Argélia, na Itália e em Portugal.

Volta ao Brasil e Pritzker
Nos anos 80, de volta ao Brasil com a anistia política, Niemeyer projetou obras marcantes como o Sambódromo do Rio de Janeiro e o Memorial da América Latina. Em 1988 ganhou o Prêmio Pritzker, mais importante prêmio da arquitetura e considerado um tipo de Nobel para os profissionais da área.

Em 1991, aos 84 anos, o arquiteto projetou outra de suas obras mais célebres, marco na paisagem da Baía de Guanabara: o Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Nos anos 2000 projetou mais um espaço marcante no Parque Ibirapuera, o Auditório Ibirapuera. Em dezembro de 2011, o arquiteto concluiu o projeto que desenhou para a sede da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), que será construída em Foz do Iguaçu (PR). Com seis edifícios – reitoria, biblioteca, anfiteatro, restaurante, laboratórios e salas de aula – a universidade terá capacidade para 10 mil estudantes provenientes de todos os países da América Latina e oferecerá cursos nas áreas de ciências humanas, tanto em espanhol como em português.

Com mais de 80 anos de carreira, Niemeyer era um dos mais premiados arquitetos do mundo e um dos brasileiros mais longevos. Ele deixa cinco netos, treze bisnetos e quatro trinetos.

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