Diretor da SOS Mata Atlântica culpa modelo agrícola por desmatamento

Desmatamento na Amazônia - Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil
Desmatamento na Amazônia – Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil

O diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, disse que a degradação de algumas áreas no Brasil, se deve em parte à escolha do país pelo modelo de crescimento por meio de commodities agrícolas, que são exportadas para outros países.

Dessa forma, as áreas foram se transformando em grandes plantações de milho, café e algodão, entre outros. O ambientalista disse que isso gerou um antagonismo de que o meio ambiente atrapalha. “Na Mata Atlântica, 80% [das áreas] foram abertas, deixaram essas terras para especulação, para estoque de terra, para valorização e avançaram na floresta que é pública, terra mais barata. Então, nunca se viu tamanha degradação como agora”, disse.

Mantovani disse que confia no cumprimento das metas apresentadas pelo Brasil para recuperação de florestas, mas a sociedade precisa cobrar os compromissos. “Isso não é responsabilidade mais do governo, não de ONG. É de todo o país. O país tem que assumir que isso é uma meta e a contribuição do Brasil para mudar a questão climática. A gente tem que dar um peso político, econômico, institucional nesta história. O Brasil tem um lado do seu potencial, como sempre em tudo que é de meio ambiente, mas não está conseguindo, na prática, transformar esta realidade. Tem que fazer muita campanha, muita mobilização com debates envolvendo todo mundo e tentar revirar este processo que está muito grave”. 

Nova geração

O ambientalista disse que tem confiança no comportamento de uma nova geração com crianças brasileiras já preocupadas com o meio ambiente. Mantovani, de 61 anos, disse que quando começou a atuar neste setor tudo era muito difícil e não havia reconhecimento, mas agora a situação está modificada. “Era chamado de sonhador e hoje está na abertura da Olimpíada. O tema ambiental é forte e tem apelo. Muitas empresas já querem [se] associar [ao tema] e as crianças começaram a incorporar. Então está muito mais fácil contar esta história hoje”.

Para a diretora do World Resources Institute (WRI), Raquel Biderman, os Jogos Olímpicos abriram uma nova mensagem muito boa, que chegou no público amplo. Antes disso, ficava restrito a quem estava envolvido com o tema. Além disso, contribuiu também a edição da Declaração de Nova York sobre as Florestas, na Cúpula da ONU em 2014. Ela disse que a sociedade precisa entender que o custo de combater os efeitos da mudança do clima é muito mais alto do que recuperar uma área degradada. “Vão ver que a tecnologia de plantio de árvores é mais barata e a mais antiga que a gente conhece”.

* Com Agência Brasil


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