Muita festa e barulho para pouco futebol

O trânsito virou um inferno na hora do almoço em São Paulo, o oba-oba na televisão e no rádio começou cedo, a cidade se enfeitou toda de verde e amarelo e a moçada fez um barulho infernal com cornetas e buzinas pelas ruas e nos botecos. Na hora da bola correr, porém, a seleção brasileira mostrou pouco futebol para tanta festa na sua estréia contra a Coréia do Norte na Copa do Mundo.

A seleção do Dunga parecia um time de pebolim: todo mundo parado em linha, esperando a bola, tocando de lado, até arriscar um chute a gol. As caras amarradas do técnico e dos jogadores saindo dos vestiários para entrar em campo já prenunciavam o que viria: um time amarrado, burocrático, melancólico, alguma coisa que lembrava vagamente a criatividade do futebol búlgaro dos anos 50.

A única coisa que chamou a atenção nesta seleção brasileira de 2010 ficou fora do campo. Como chamar aquilo? O traje, a fantasia, o figurino do técnico Dunga? Nem em novela de época se usa mais aquilo. Que personagem ele estaria representando? Um porteiro de boate high-tech? Ou o bispo de alguma nova igreja pós-tudo?

Posso mais uma vez queimar a língua, e o Brasil de Dunga conquistar o hexa – até porque, pelo que as outras seleções jogaram até agora, não apareceu nenhum bicho papão se destacando como favorito na África do Sul.

O Brasil conseguiu apenas se nivelar à mediocridade do futebol jogado nesta primeira fase da Copa. Craques como o nosso Kaká viraram manés, jogadores indiferenciados como qualquer estrela da seleção japonesa.

Vai ver que o Dunga está certo, e o mundo todo, errado. Ou o mundo todo resolveu seguir o estilo Dunga de ser? Desse jeito, podemos até ser campeões, qualquer país pode, até a Coréia do Norte ou a Costa do Marfim, que ficou no 0 a 0 com Portugal. Seja quem for, será o pior campeão do mundo da história.

A continuar assim, a Copa do Mundo pode terminar batendo recordes negativos de audiência na televisão e de público nos estádios. Ninguém vai aguentar por muito tempo ver tanta chatice em campo e nas telas.

Nem a empolgação de um Galvão Bueno dá jeito nisso. O futebol nunca movimentou tanto dinheiro e, no entanto, jamais ofereceu tão pouca diversão ao público. Será uma coisa consequência da outra?


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