O que vi nessa Copa

Esperei o jogo Brasil 2 x 1 Coreia do Norte terminar para escrever a crônica dessa semana. Não vou comentar a partida, pois milhões de pessoas o farão. Ficarei restrito apenas a algumas observações que fiz desde o início da Copa. Não estão em ordem cronológica, por isso a primeira consideração é sobre o choro do camisa 9 da Coreia, Jong Tae-se: vai ser patriota assim na casa do Dunga! Só pelas lágrimas, o sujeito já ganharia do adorado líder Kim Jong-il, um cachorrinho para reforçar a dieta de sua família. Mas como Tae-se também foi o melhor coreano em campo, acabou levando um cão de médio porte. Já o autor do gol receberá como bicho um São Bernardo.

E a torcida norte-coreana, heim? Aposto que ali estavam todos os membros do corpo diplomático do país na África do Sul. Do contrário, como teriam saído daquele paraíso onde nasceram?

Está provado que a pelota Jabulani não é de confiança. Mas vocês não acham que nem ela pode obrigar o “Melhor Jogador do Mundo” a perder cinco gols? O argentino Messi, entenda-se, bateu um bolão contra a Nigéria, mas ficou três vezes de cara com o goleiro e não marcou. Teve outras duas oportunidades não tão certas. Esperemos que depois da primeira rodada do torneio, os craques já tenham se acostumado com a gorduchinha maluca. Quem é fora de série, joga até com cubos.

O humorista David Letterman fez uma lista de dez razões por que os americanos não gostam de soccer. A relação não teve graça, mas me deixou pensando. O país tem 300 milhões de pessoas, com enormes porções de imigrantes latinos e europeus. Não é possível que a Copa passe despercebida por aqui. Ainda mais depois do empate arrancado pela rapaziada ianque contra os papudos ingleses. O resultado foi uma lição exemplar do caráter americano: não tem essa de respeitar reputações e amarelar diante de forças tidas como superiores. No futebol ou na política externa, eles fazem o mesmo jogo.

Falando em ingleses, não eram eles que iriam disputar a final? O torcedor oficial do time de “Sua Majestade”, David Beckham, proferiu a bobagem ao dizer que a Inglaterra tem o melhor campeonato do mundo. Só se for o torneio de críquete.

Uma hora antes da partida de estreia do Brasil, vi um moleque loirinho com o uniforme do Kaká. O pequeno fã, diga-se, é americano de quinta geração.

Teve gente profetizando a ruína da Itália, depois do empate com o Paraguai – com falha feia do goleirinho guarani. Mas a Azzurra tem mesmo o costume de penar no início do torneio e crescer depois. Que ninguém se esqueça de 1982.

É verdade que a Alemanha jogou contra um bando de mortos. Mesmo assim, praticou o futebol alegria, como ninguém ainda o fez nesta Copa. Deu de quatro, e poderia ter dado de oito. Aposto que vai para a final.

Escrevo sem ter visto a Espanha. Para mim, está cheirando gente que nada, nada e morre na praia. Aliás, como é de costume para a Fúria.

O grande Maradona, com aquela barba embranquecida está parecendo um duende. Deem-lhe um cachimbinho e coloquem-no para enfeitar um jardim.

Por último, não resisto: o Dunga foi vestido a caráter na estreia. Com aquele jaquetão trespassado, cheio de botões metálicos, ele era o próprio Napoleão de hospício.


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