O dono do futebol brasileiro, Ricardo Teixeira, eterno presidente da CBF, que agora só pensa em comandar a Fifa, como seu ex-sogro João Havelange, poderia aproveitar para levar às últimas consequências o seu plano de formar uma nova seleção brasileira e promover uma verdadeira revolução no nosso futebol, depois dos vexames de 2006 e 2010.
“Ou nós formamos uma seleção nova ou nós formamos uma seleção nova. Não há outra opção”, proclamou o dirigente ainda ontem na África do Sul. Ótimo, é um bom começo. Acho que todo mundo concorda, já que não há como mudar a direção da CBF.
Para começar, Teixeira poderia determinar ao novo técnico que só convoque jogadores brasileiros em atividade no Brasil. Com isso, evitaria que a nossa seleção continue sendo uma legião de “estrangeiros”, com todos os seus agentes, empresários e patrocinadores a tiracolo.
Mais do que isso: com esta medida simples, poderia evitar que qualquer jovem que se destaque antes de completar 20 anos já pense logo em ser vendido para times da Europa, como tem acontecido, mantendo o círculo vicioso que está levando os clubes à ruína.
Nossos campeonatos são deficitários porque as grandes estrelas jogam no exterior ou elas vão para o exterior justamente porque os clubes brasileiros não têm recursos para segurá-los aqui?
Ricardo Teixeira poderia se mirar no exemplo da seleção alemã: todos os seus jogadores disputam o campeonato alemão. Não tem nenhum “estrangeiro” no time, embora ele seja formado por jovens de diferentes origens étnicas. Na seleção de Dunga, havia apenas três profissionais que jogam no Brasil: Robinho, que está aqui por empréstimo, Gilberto, do Cruzeiro, e Kleberson, do Flamengo, os dois últimos já em final de carreira.
Não basta falar em nova seleção brasileira, como sempre acontece depois de sermos eliminados de uma Copa. Antes de tudo, é preciso implantar uma nova mentalidade no nosso futebol, criar condições para que os clubes formadores de craques possam mantê-los aqui por mais tempo.
Basta pegar o exemplo do jovem elenco do Santos que encantou as platéias brasileiras em 2010. Quantos dos seus craques ainda estarão aqui no final do ano? Ganso, Neymar, André, todos eles sonham apenas com uma proposta e ir embora logo para qualquer clube de fora.
Se a CBF tomar a decisão de só convocar daqui para a frente atletas que jogam no Brasil, certamente esta molecada vai pensar duas vezes antes de correr atrás do primeiro empresário gringo que apareça à sua frente. Se não for pelo amor à camisa, sabem que serão ainda mais valorizados se vestirem o uniforme verde-amarelo.
Já que falei em Santos, gostaria de saber por que até agora não foi nem cogitado o nome de Dorival Júnior, o jovem técnico do melhor time brasileiro do momento. Quem é capaz de, confiando nas suas revelações, pegar o mambembe Santos de Wanderley Luxemburgo do ano passado e, em poucos meses, transformá-lo numa máquina de fazer gols, certamente poderá fazer o mesmo na seleção brasileira.
Tem o perfil do técnico que Teixeira procura: é disciplinador também, sem deixar de ser ousado e criativo, tem liderança sobre o elenco e se relaciona bem com todo mundo, inclusive com a imprensa.
Em resumo: este modesto Balaio propõe que se forme uma seleção brasileira do Brasil e se chame para montá-lo Dorival Júnior. A base ele já tem pronta. Isto sim seria um fato novo, e não trazer de volta Luis Felipe Scolari, o sargentão reacionário que já deu o que tinha que dar e está com o prazo de validade vencido.
Deixo a sugestão para o comando da CBF e para os leitores. Que tal?
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