Para quem torcer agora? Alguém poderá dizer que, depois do jogo desta manhã de sábado, fica fácil falar. Mas eu escrevi isso antes, aqui mesmo, no domingo passado, logo após a vitória contra a Inglaterra: “Alemanha lembra o Brasil de antigamente”. Até pedi ao Dunga para ter a coragem de se inspirar no bom exemplo da molecada alemã, mas acho que ele não me ouviu.
Para quem gosta de futebol, independentemente da camisa do time ou do país, a seleção alemã foi a que mais se aproximou do melhor futebol brasileiro, que brilhava e encantava até quando perdia, como aconteceu na Copa da Espanha, em 1982. A Alemanha está fazendo isso na África do Sul, desde o primeiro jogo, só que ganhando, com todas as chances de chegar a mais um título, com o melhor time que já montou.
Os impiedosos 4 a 0 que a Alemanha meteu na Argentina de Maradona provaram mais uma vez que é possível jogar bonito e ganhar, jogar com alegria, jogar sem medo de atacar o tempo todo, como se fosse uma pelada na praia ou num terreno baldio, assim como era o futebol brasileiro, antes do futebol triste dos guerreiros burocráticos da era dos professores Zagalo-Parreira-Dunga, sob o alto comando de Ricardo Teixeira, que não sai nunca.
Eles ganharam títulos, eu sei, mas apequenaram o nosso futebol. Futebol, para mim, e sei que para muita gente, não é uma guerra para se ganhar dinheiro e canecos a qualquer preço. Antes de mais nada, é uma diversão, e eu me diverti muito vendo aqueles meninos alemães deixando o Maradona perplexo e o mundo maravilhado com seus toques rápidos, brincando de jogar bola, na reta final de uma Copa do Mundo.
No post de ontem, após a derrota da seleção de Dunga, falei do choro sentido da minha neta mais velha, a Laura, de sete anos. Ela não se conformava de nunca ter visto o Brasil ser campeão. Mais tarde, em sua estréia na área de comentários do Balaio, Laura me escreveu, avisando que tinha parado de chorar e iria torcer pela Alemanha, terra da família de minha mãe.
Eu também decidi torcer pela Alemanha, mas não é só por razões familiares. É apenas porque sempre gostei de jogar e ver futebol, e acho que quem joga mais bonito merece levar a taças. Sei que nem sempre isso acontece, como aconteceu com o Brasil de Telê, em 1982.
Mas seria muito bom que isso acontecesse agora, para o bem do futebol. E para que, em 2014, a nossa seleção volte a jogar como só o Brasil sabe, eternamente o melhor e mais bonito futebol do mundo. É só deixar. Chamar os melhores, dar liberdade, jogar as camisas para cima e correr para o abraço. Como está fazendo a Alemanha.
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