Essa Copa está demais! Gente demais, alegria demais, celebrações demais, feriado nas capitais, gente nas ruas, notícias em todos os jornais – entre exaltações desmedidas e urucubacas disseminadas. Folia em Copacabana, na Vila Madalena, perto da Arena Pantanal, no Castelão… Uma grande festa em cada rincão do país! O Brasil está nos olhos do mundo. Os números de estrangeiros superaram as expectativas, temos uma bela injeção de grana na nossa economia.
Foram muitos números ótimos, muita torcida, muita gente, muitos gols – e muita urucubaca rogada. Tudo muito grandioso – tal qual nossa derrota: Sete a um na tarde de uma terça-feira. Sete gols da seleção da Alemanha, que amou o nosso país. Um do Brasil – gol de honra, do Oscar. É a Copa da Zoeira. Um grande espetáculo. Uma derrota espetacular em casa.
Me desculpem os mais cricris, mas, apesar de hoje, foi uma bela campanha a da seleção Brasileira – com direito a altos e baixos, jogadores que brilharam e jogadores que não aguentaram a pressão. De jogadores com garra e espírito esportivo apesar da derrota. Veja o depoimento de David Luiz, logo após o fim da partida:
Foi a Copa do carisma: David Luiz. A Copa da unanimidade: Neymar. A Copa dos que não são unanimidades: Fred, Hulk e Daniel Alves. A Copa da emoção: Thiago Silva. A Copa da tristeza: A fratura de Neymar. A Copa do marketing: A capitalização da fratura de Neymar pela mídia que não acreditava na Copa. A Copa das surpresas: Costa Rica, Colombia, Argélia. A Copa das derrotas: Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Itália… e tantos outros.
É isso. Perdemos, pessoal. Infelizmente agora a mídia – local e estrangeira – vai aproveitar a “humilhação brasileira”, o “pior resultado em cem anos”. E a dor vai ser grande, porque o Brasileiro não sabe perder – apesar de ser guerreiro no dia a dia e saber que não só de vitórias se constroem heróis cotidianos. Olha aí, o mau exemplo:
Mas sabe o que é. Esta daqui é a terra do futebol. Desde pirralhos, arrastamos bolas, latinhas meias enroladas, papéis amassados, em direção de traves feitas de chinelos ou pedras. Ensaiamos jogadas, xingamos adversários, vibramos a cada gol, choramos copiosamente quando perdemos. Fomos mal acostumados. Oito ou oitenta. Se ganhamos: massa, é isso aí, batemos no peito, sentimos orgulho sem fim. Se perdemos, choramos, xingamos, não compreendemos o motivo da derrota, procuramos culpados.
Mas chega aqui, querido leitor, me escute só: o futebol não é feito só da torcida, só das estrelas, só do esquema tático. É feito de surpresas. É imprevisível – e isso faz ser um esporte tão mágico. Assim como o povo brasileiro. O jeitinho brasileiro sempre mudou as situações, transformou o inesperado, com ousadia e alegria, por assim dizer. No dia a dia, somos heróis, suburbanos e resistentes, enfrentamos leões, situações difíceis, contrassensos, intolerância, mas mesmo assim acolhemos os necessitados, acreditamos no calor humano, somos diferentes, uns dos outros. Acima de tudo amamos demais.
Incrivelmente não acreditamos no nosso potencial. Não reconhecemos nossas qualidades e julgamos o outro. Incrivelmente não compreendemos situações complexas, agimos no calor do momento. Seja na política ou no esporte, não temos memória, não reconhecemos as qualidades do outro, procuramos apenas as falhas. Quando a seleção estava sendo massacrada – nos dez minutos que a Alemanha definiu o jogo –, algumas pessoas se levantaram da arquibancada, outras choraram. Ao longo do jogo, vaias.
Mas, espera pessoal! Vamos ponderar, os jogadores enfrentaram a pressão de uma Copa que foi tão combatida e tardiamente exaltada. Vamos agradecer… Valeu pela paixão, pelo esforço! Outro dia conversei com o Seu João Edson da Silva, taxista que trabalha em São Paulo, mas que nasceu no Rio Grande do Norte. Ele me contou boas histórias que presenciou de “gringos” na cidade e me disse, assim, sem ser questionado: “O maior legado desta Copa é que os estrangeiros que estão aqui vão voltar sempre. Não ouvi uma reclamação, atendi tantos – sempre respeitando muito. Eles estão amando a cidade, o país. Eles vão voltar. O mundo está aprendendo a nos respeitar”.
Mas se não chegamos a final, vamos curtir a Copa – que contra tudo e todos – é um sucesso. O maior saldo de gols. A melhor de todas segundo a imprensa internacional – (você leu o texto do jornalista do Financial Times celebrando o país?). O evento mais comentado nas redes sociais. Acabo de ver o melhor comentário da Copa nas timelines hoje: “Galera saindo da arquibancada, não adianta, só Corinthians sabe ser Corinthians o resto é tudo pose”. HEHE. Torcedor é na alegria e na tristeza, gente! Agora, vamos torcer pela seleção brasileira no sábado e pelo Brasil, este país maravilhoso e controverso, que passa por eleições em outubro, aliás, vocês viram? A Copa não foi comprada e a vida continua! Vamos em frente!
Deixe um comentário