Copa de carro: torcedores chegam a SP para ver Argentina

Ônibus com placa da Argentina estacionado no Complexo do Anhembi. Local virou o ponto de hospedagem de torcedores do país que chegam a São Paulo em veículos ou a pé. Foto: Vinícius Mendes
Ônibus com placa da Argentina estacionado no Complexo do Anhembi. Local virou o ponto de hospedagem de torcedores do país que chegam a São Paulo em veículos ou a pé. Foto: Vinícius Mendes

Distantes dos hotéis de luxo e dos locais de hospedagem indicados pela FIFA em São Paulo, torcedores de alguns países da América do Sul que aproveitaram a Copa do Mundo para viajar por terra pelo continente e também pelo Brasil estão usando o estacionamento do Complexo do Anhembi, na zona norte da cidade, como alojamento durante o evento desde o primeiro jogo da Argentina na capital paulista, contra a Suíça, pelas oitavas de final, na semana passada.

Até a noite de segunda-feira (7), a SPTuris contabilizava a chegada de 150 pessoas em 40 veículos ao local, mas a direção do Anhembi se prepara para a presença de pelo menos 500 torcedores nos próximos dias, igualando o número de pessoas que acamparam no estacionamento na semana anterior, obviamente por causa da presença da seleção argentina na semifinal da Copa, contra a Holanda, nesta quarta-feira (9), na Arena Corinthians, em Itaquera, às 17h.

A maior parte dos viajantes que chegaram não estavam acompanhando o Mundial em território brasileiro até agora. É o caso dos amigos paraguaios Fabián Estigarribia, de 31 anos, Richardo Thompson, também de 31 e Fabián Barretos, de 26: eles tomaram a decisão de sair de Assunção quando a fase de grupos da Copa já estava no fim e usaram o evento como pretexto para pegar a estrada e conhecer grupos de colecionadores de veículos Volkswagen no Brasil, motivo de fanatismo de Thompson, que tem um modelo 2010 da perua customizado e projetado para ser um quarto na parte de trás. “Vendemos toda sorte de coisas durante a viagem, desde telefone antigo até pulseiras da Copa do Mundo. Deu pra juntar R$ 1.200 reais, mas gastamos tudo, e não me pergunte como. Passamos por três cidades onde nos encontramos com pessoas que customizam Kombis e eles também nos ajudaram”, conta ele. A viagem não foi longa, aproximadamente três dias, contando com as paradas em Londrina, Maringá e no interior de São Paulo para as reuniões com os grupos de carros, mas eles não pretendem retornar ao Paraguai mesmo quando o Mundial acabar. “Vamos ao Rio de Janeiro nos dias da decisão do Mundial, no final de semana, e de lá pretendemos passar por Uruguai e Argentina antes de voltar para casa”, revela Estigarribia.

Já os amigos Carlo Nacetti, de 24, e Gonzalo Ibañez, de 26, de Buenos Aires, ainda acreditam que seja possível comprar ingressos para a partida desta quarta-feira. Eles estão em São Paulo desde domingo, depois de dois dias viajando de carro desde a capital argentina, passando por Porto Alegre e Florianópolis, onde pararam para conhecer uma das praias da cidade, famosa justamente pela presença maciça de argentinos. “Estou tentando entrar no site da FIFA de madrugada desde que cheguei, mas aqui não tem wifi e tampouco sinal de 3G. A única forma de ter internet funcionando é indo para o outro lado da marginal. Como vou fazer isso às 4 da manhã?”, lamenta Nacetti. Os dois leram nos jornais que estão ocorrendo assaltos na Fan Fest da FIFA, no Anhangabaú, zona central de cidade, e que a região da Vila Madalena, na zona oeste, também virou ponto para pequenos delitos. “Não sabemos onde vamos assistir ao jogo ainda. Talvez a gente fique do lado de fora do estádio acompanhando o jogo pelos gritos da torcida”, diz Ibañez.

Os argentinos são os estrangeiros que mais visitaram a cidade de São Paulo durante o mês de junho, segundo estimativa da SPTuris divulgada na sexta-feira (3). Até o primeiro dia de julho, 121 mil pessoas de outros países estiveram na capital paulista, sendo 31% de visitantes do país vizinho, seguidos de chilenos (17,8%), uruguaios (8%) e colombianos (5%). A presença deles no Brasil e, especificamente em São Paulo, também pode ser explicada por duas longas ausências: a primeira é a da própria seleção argentina, que volta a disputar uma semifinal de Copa depois de 24 anos, já que a última foi no Mundial da Itália, em 1990, quando, ainda com Maradona em campo, caiu apenas na decisão, para a Alemanha. A segunda é com a distância da própria organização do Mundial, que não acontece na América Latina há 28 anos, desde que o México sediou o evento, em 1986. Se levar em conta o período sem Copa no continente sul-americano, o tempo é maior: 36 anos, quando a própria Argentina recebeu o torneio, em 1978. 

A Argentina joga contra a Holanda nesta quarta-feira, às 17h, na Arena Corinthians, em São Paulo. Será o último jogo do estádio na Copa do Mundo, que depois volta a ser administrado pelo clube.


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