Criada em 2015 com o objetivo de melhorar o nível do futebol feminino para a disputa da Copa do Mundo no Canadá e da Olimpíada Rio 2016, a seleção permanente de futebol feminino vê seu futuro ameaçado com o fim dos dois eventos. Para quem acompanhava o futebol feminino, o fim da seleção permanente já era esperado, mas virou polêmica entre torcedores.
A antropóloga Ana Paula Silva, da Universidade Federal Fluminense, defende a manutenção da seleção permanente feminina e reclama das comparações entre as equipes feminina e masculina, uma vez que um dos argumentos de quem defende o fim dessa estratégia é que ela não existe para os homens.
Para a especialista, é importante analisar o futebol feminino como algo independente do masculino. “São modalidades específicas, e assim devem ser tratadas. Apenas no futebol existe essa comparação. No vôlei, por exemplo, ninguém fica comparando seleção feminina e masculina. É entendido que são formas diferenciadas de jogo, com características outras que as fazem não serem passíveis de comparação”, avalia.
Seguindo esse raciocínio, Ana Paula diz que o fim da seleção feminina permanente não seria uma solução. “O desenvolvimento e a trajetória do futebol feminino é muito diferente da do masculino. Existem ligas, torneios, e os meninos são treinados desde a sua primeira infância para o futebol, coisa que não acontece com as mulheres.
Ela acredita que a seleção permanente é uma forma de manter um grupo de mulheres treinando e jogando, uma solução barata, mas que precisa melhorar. “Os homens não precisam disso porque jogam praticamente o ano inteiro em seus respectivos times. Acabar com a seleção feminina é desprestigiar o futebol feminino que luta a duras penas, em um País que enxerga e prega a ideologia do futebol como ‘coisa de homem’”.
*Com reportagem da Agência Brasil
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