Acordo entre Vaticano e Palestina é finalizado


Foto: Jeon Han/Fotos Públicas (17/08/2014)
Foto: Jeon Han/Fotos Públicas (17/08/2014)

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, anunciou nesta quarta-feira (13) que a Comissão formada por representantes da Santa Sé e da Palestina “finalizou seus trabalhos” sobre as negociações entre as partes para um “acordo global” sobre o território palestino. A medida deve fomentar as bases para o funcionamento da religião católica no território. “Há um texto que será apresentado às autoridades e será estabelecida a data da assinatura”, informou Lombardi. Segundo nota divulgada pelo Vaticano, as discussões “ocorreram em um clima cordial e construtivo” e a Comissão “teve grande satisfação com o progresso do texto”.

Para o diplomata da ONU, Paulo Sérgio Pinheiro,  a atitude do Papa foi acertada. “Francisco sempre surpreende para o melhor A decisão do Papa Francisco de reconhecer o Estado da Palestina é uma decisão consistente com a politica diplomática da Santa Sé. A decisão é muito benvinda num momento em que o governo do Estado de Israel aprofunda a discriminação de palestino e cidadãos israelenses árabes, assim como promove a extensão das colônias ilegalmente em terras ocupadas faz quase 60 anos e expande a ocupação de Jerusalém Leste. Uma outra mensagem desse reconhecimento também se dirige aos palestinos cristãos e árabes cristãos que estão sendo perseguidos em vários países, muito especialmente agora pela organização terrorista Estado Islâmico”.

    As conversas foram lideradas pelo monsenhor Antoine Camilleri, sub-secretário para as Relações da Santa Sé com os Estados, e pelo embaixador Rawan Sulaiman. Além de representantes que trabalham com os palestinos, a Comissão conta com a participação de religiosos que trabalham com as Igrejas Orientais e de Jerusalém. “A discussão é fruto do acordo base entre a Santa Sé e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), firmado em 15 de fevereiro de 2000. O relacionamento oficial entre a Santa Sé e a OLP foram estabelecidos em 26 de outubro de 1994 e, em seguida, foi constituída uma comissão bilateral permanente de trabalho que levou à aprovação do acordo de 2000”, explicou Camilleri ao “Observador Romano”.

    O monsenhor confirmou que o texto “possui, entre outras coisas, diversas questões sobre a vida da Igreja e outros temas de comum interesse”. As negociações dessa etapa do acordo começaram a ser negociadas em 2010, após a visita do então papa Bento XVI à Terra Santa, em 2009. “Como todos os acordos que o Vaticano firma com diversos Estados, esse atual tem como objetivo favorecer a vida e a atividade da Igreja Católica e seu reconhecimento em nível jurídico também para oferecer um serviço mais eficaz à sociedade”, acrescentou Camilleri.

    Sem dar muitos detalhes, o religioso afirmou que o documento tem um primeiro capítulo sobre os princípios e as normas fundamentais que são a base no qual há a cooperação entre as bases. “Por exemplo, há o desejo pela solução da questão palestina e do conflito entre os israelenses e os palestinos no âmbito da ‘Solução dos Dois Estados’ e das resoluções da comunidade internacional, solicitando a volta da negociação entre as partes”, destacou.

    Ele ainda ressaltou que há um capítulo “muito detalhado e elaborado” sobre a liberdade religiosa e de consciência e outros que explicam as ações da Igreja Católica e suas ações.

Israel afirmou estar “desapontado” pela decisão do Vaticano de reconhecer o Estado da Palestina, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. Ele acrescentou que a decisão de fechar o acordo com os palestinos “não contribui para levar a Palestina para a mesa de negociações” pela paz.


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