EUA identificam bactéria resistente a todos os antibióticos

O infectologista Paulo Cortez fala sobre os procedimentos adotados contra as bactérias resistentes - Foto:  Valter Campanato/ Agência Brasil
O infectologista Paulo Cortez fala sobre as bactérias resistentes – Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos divulgou informações sobre o primeiro caso identificado de infecção por uma bactéria resistente a todos os tipos de antibióticos disponíveis para tratamento. Uma mulher da Pensilvânia, com 49 anos, recebeu atendimento médico com uma infecção urinária causada por uma cepa da bactéria Escherichia coli, ou E.coli, eliminada através das fezes. Por isso, é mais conhecida como coliforme fecal.

Segundo o diretor do centro, Thomas Frieden, a bactéria é resistente até aos antibióticos reservados para “superbactérias” como a Colistina, que são usados somente nos casos de tratamentos nos quais os medicamentos disponíveis no mercado se revelam incapazes de conter o avanço da doença.

No ano passado, um estudo divulgado na revista científica Lancet identificou, em pacientes e animais na China, outras bactérias que resistem à colistina. Os autores concluíram que essa resistência poderia se espalhar pelo mundo, trazendo consigo a ameaça de infecções intratáveis. Na China, 60% dos pacientes tratados em hospitais recebiam prescrição de antibióticos, um nível muito superior ao índice de 30%, recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). 

A resistência aos antibióticos é considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde porque pode colocar em risco procedimentos simples em hospitais: basta uma pequena cirurgia para colocar um paciente em risco de vida, caso haja contaminação.

Algumas companhias farmacêuticas pesquisam novos medicamentos contra cepas resistentes que têm surgido, mas ainda não há estudos definitivos. O aparecimento de bactérias superresistentes está relacionado, segundo especialistas, ao uso indiscriminado de antibióticos. Em maio do ano passado, a OMS definiu um plano de ação para combater a resistência aos antimicrobianos.

A cada ano, cerca de 2 milhões de pessoas adoecem com bactérias resistentes nos Estados Unidos, e 23 mil morrem por essa razão. Na União Europeia, o número de mortes atinge 25 mil pessoas por ano. Apesar disso, o esforço para conter o uso inapropriado de antibióticos nos EUA e Europa vem tendo certo êxito: o número de casos em que foram receitados antibióticos caiu de 2000 a 2010. O mesmo não ocorreu na maioria dos países em desenvolvimento. Na Índia, o uso descontrolado dos antibióticos pesou na morte de 58 mil crianças infectadas por bactérias resistentes em 2013.

Em junho do ano passado, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal isolou 16 pacientes no Hospital Regional de Santa Maria após exames detectarem uma bactéria multirresistente, a Acinetobacter baumannii. Três pacientes infectados morreram. O diretor de Infectologia do Hospital de Santa Maria, Paulo Cortez, negou que o Distrito Federal estivesse enfrentando um surto de contaminação por bactérias multiresistentes. Segundo ele, todos os pacientes identificados tinham doenças crônicas e longo tempo de permanência na unidade hospitalar.

Em 2010, o Distrito Federal já tinha enfrentado problemas com bactérias resistentes. Naquele ano, 22 pessoas morreram infectadas pela superbactéria KPC. No total, 207 pessoas foram detectadas com o micróbio no organismo, e 54 ficaram doentes por causa dele. A maioria dos pacientes infectados estava internada em unidades de terapia intensiva.

* Com Agência Brasil


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